Muito do que se ouve é que o São Paulo FC não apresenta um padrão tático desde o ano passado; que jogou o primeiro semestre inteiro (praticamente) em função de um único jogador (Adriano); e que outros jogadores deixaram a raça de lado, por capricho ou soberba (um orgulho que não é apenas o reconhecimento de si, mas o que menospreza quem está em volta). Grande parte destas coisas é real, verdadeira, principalmente as duas primeiras afirmações.
O ano de 2008 começou trazendo muitas incertezas para o torcedor são paulino. A primeira delas era a contratação por empréstimo do grande atacante da Inter de Milão que vivia má fase e estava fora de forma, o "Imperador". Todos questionaram sua vinda para o São Paulo e, no fim da história, todos afirmavam que a decisão foi acertada desde o princípio (como se soubessem que daria certo!). Uma mentira atrás da outra saindo da boca da mídia paulistana, ao mesmo tempo em que os meios de comunicação italianos estavam sempre atrás de uma polêmica envolvendo o “baladeiro” jogador que começava sua trajetória no Tricolor Paulista. O jogador se envolveu em uma confusão com um fotógrafo no CT do clube, saiu sem justificativas, irritado e teve de pagar uma multa com uma parcela de seu salário. Parecia que tudo estava sendo feito a fim de prejudicar o futuro do artilheiro, mas não adiantou e Adriano se sagrou artilheiro do São Paulo nas duas competições que disputou, num total de 17 gols (11 pelo campeonato estadual e 6 pelo continental). E, para brindar com cálice de ouro, o Imperador foi convocado para 2 amistosos e 2 jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo pela Seleção Brasileira.
Mas, ao mesmo tempo em que o time do Morumbi reergueu um grande atleta com todo o apoio possível e avançou nas competições, o que se viu do São Paulo foi uma grande lacuna em seu futebol de marcação e toque de bola (característica histórica do clube, que define sua escola, sua filosofia de futebol). O futebol são-paulino se limitou aos lançamentos em profundidade e de longa distância, nas famosas “ligações-diretas” entre zaga e ataque, ou então de jogadas pela meia-esquerda com Jorge Wagner (uma das principais aquisições, em definitivo, feitas pelo clube do Morumbi), nas quais o ala/meia cruzava bolas buscando a cabeça do atacante. Isto quando o time não conseguia criar nada e esperava surgir uma falta nas extremidades do campo, pra que o mesmo Jorge Wagner (que não está com o pé tão calibrado assim como dizem, a meu ver) levantasse a bola na área (chuveirinho) o tempo todo. Sem um jogador com características de armador que cadenciasse a bola, o SPFC viveu de um futebol medíocre e sem padrão tático (ofensivo) definido. Era sempre a mesma história, e isto tornou-nos previsíveis a qualquer adversário.
A diretoria não foi eficiente no início do ano e perdeu a oportunidade de trazer alguns nomes que pudessem contribuir com o setor de criação do Tricolor, além dos casos (ou boatos) que afirmam que alguns jogadores não interessaram, simplesmente, à comissão técnica (como Conca, hoje no Fluminense). Para a lateral direita, não faltaram opções, mas nenhuma correspondia: Joilson, Rafael, Reasco (em processo de recuperação de contusão), Maurinho, Éder e Jancarlos. Em compensação, para a lateral esquerda, apenas Junior aparecia como única opção (de fato!), porém desde contusão no tornozelo em 2006, seu futebol não vem convencendo. Falta velocidade, confiança, dinâmica e, principalmente, fôlego pra agüentar uma partida inteira. A partir disso, o técnico Muricy Ramalho começou a improvisar o “coringa” Richarlyson, que se destacou em 2007 na posição de volante, ao lado de Hernanes, porém por vezes cobriu a ala esquerda. Mas neste ano, as coisas não foram bem para o camisa 20 do Tricolor. Após algumas partidas medianas no início do ano, a convocação para a seleção brasileira pareceu tirar o foco (e a humildade) do polivalente jogador. Violento, irritado e tirando o pé das divididas, Richarlyson ganhou a antipatia de boa parte da torcida do São Paulo (sem falar que muitos já nem sequer cantavam o nome do jogador no estádio, por razões, minimamente, preconceituosas). Muricy bancou, por um bom tempo, a presença do volante no time, mesmo contra a vontade da torcida e, também por isso, acabou pagando o preço da antipatia de uma boa parte de torcedores (minoria, mas relevante).
No começo do ano, a diretoria trouxe outros dois reforços duvidosos que não viviam boa fase em seus clubes, traziam histórico de “bad boys” e procuravam sua reabilitação no Tricolor Paulista: Carlos Alberto e Fábio Santos (“vida loka”). Ambos não apresentaram futebol convincente durante todo o tempo em que estiveram juntos no time e, eis que, em um momento polêmico (mais um!) do São Paulo neste ano de 2008, os dois jogadores entraram em conflito (mentido e desmentido milhares de vezes pela cúpula são-paulina). Agressões, trocas de farpas, olhares tortos... Tudo aconteceu ali dentro da concentração (adiantada), menos “troca de carinho”. O clima não era bom e ambos os jogadores foram afastados do elenco, até a readmissão de Fábio Santos após uma carta pedindo desculpas pelo incidente. Porém, com Carlos Alberto, o fim foi outro. Foi, não só afastado, mas dispensado do clube. A única opção que poderia ser solução para o meio-campo (e não tinha sido até então) foi embora.
O São Paulo FC foi até as semifinais do Campeonato Paulista. Porém, após uma bela vitória (2x1, com futebol bem jogado) sobre o Palmeiras em jogo, no Morumbi, sucumbiu na casa do adversário por 2x0, em falha de Rogério Ceni, contando com a suspensão de Richarlyson (que havia feito boa partida no primeiro jogo, marcando Diego Souza) e Zé Luís (que praticamente anulou Valdívia no jogo-de-ida). Definitivamente, aquele era um começo de ano complicado para o Tricolor Paulista, afinal até o maior ídolo da história do clube vinha em má fase e nada estava dando certo, nem sequer nos bastidores.
Eliminado no Paulistão (sim, no superlativo, pois é o regional mais importante do país), agora o foco seria a Libertadores. E assim foi! Primeiro, a garantia de classificação para as oitavas-de-final, perante o Nacional da Colômbia. Nas oitavas, passamos com um empate (0x0) e uma vitória (2x0) sobre o Nacional do Uruguai. Eis que chegou o primeiro (e único) confronto nacional (entre brasileiros) desta edição da Libertadores: São Paulo x Fluminense. Em dois grandes jogos, quem ficou com a vaga foi o Tricolor das Laranjeiras.
Na primeira partida, um Morumbi lotado viu o SPFC pressionar o Fluminense em seu campo durante toda a partida. Só se via a bola com o time de branco. O Morumbi foi à loucura com chances perdidas pelo ataque são-paulino, com as belas (e muitas) defesas do goleiro Fernando Henrique (até então questionado – e até vaiado pela torcida carioca). No fim da partida, um placar magro, que não espelhou a realidade do jogo e obrigava ao São Paulo marcar, no mínimo, um gol na casa do adversário e se segurar ao máximo na defesa. Todo tricolor (paulista), por mais doente (e inteligente que fosse) acreditava que o Fluminense não conseguiria fazer os 3 gols que precisava caso o São Paulo marcasse o seu no Maracanã. Até que no segundo jogo, o placar foi aberto ainda no primeiro tempo, com Washington (esperança de gols do Fluminense). Na etapa final, aos 25 minutos, Aloísio (que entrara no jogo no lugar do sumido Dagoberto, que até hoje está devendo os R$5mi que custou) fez belíssima jogada (atípica, inclusive) e cruzou na medida para a cabeçada de Adriano, que fuzilou a bola para o fundo da rede. Mas em um ataque-relâmpago, após cobrança de bola ao meio, todo o sistema defensivo do São Paulo simplesmente sofreu um “apagão” e viu Dodô colocar o Fluminense na frente novamente, em nova falha (ou frango) de nosso Capitão (inquestionável grande goleiro, em mau momento, em péssimo dia). Ainda assim, a classificação estava em mãos e o São Paulo continuou jogando pra frente, até pressão imposta pelo Fluminense que dos 38 minutos em diante não deixava a bola escapar se não com falta, lateral ou escanteios. Escanteios, estes, que em uma seqüência de 3 seguidos rendeu um sofrível e terrível gol de cabeça, novamente, de Washington. O problema maior? Já eram 46’30 do segundo-tempo. Não havia mais tempo para nada, além de colocar a bola no centro e arriscar uma loucura qualquer até os 48 minutos (devido aos 3 minutos, os mais longos 3 minutos de acréscimos cedidos pelo árbitro). Enfim, a meu ver, não faltou vontade.
Fora de mais um campeonato, o São Paulo se abateu. A torcida entristecida canalizou sua ira em alguns jogadores em específico, Rogério Ceni e Richarlyson, e no treinador Muricy Ramalho. Estes seriam, então, os algozes, os responsáveis pela desgraça do São Paulo FC na Libertadores e (por que não?) no Paulistão de 2008. Seriam. Para muitos (não para mim).
O novo objetivo foi traçado, uma nova meta e filosofia estipulada. Vencer o terceiro Brasileirão consecutivo. Quebrar este tabu é o que o São Paulo FC buscará fazer a partir de então. Nenhum time conseguiu este feito (ser Tri-Campeão brasileiro consecutivamente) e esta é a missão do Tricolor para 2008. Além, é claro, da busca por uma vaga na Libertadores-09.
O começo desta busca foi ruim, com um time apático e desmotivado (antes, por estar na Libertadores; depois, por ter sido – dela – eliminado) atingiu apenas 3 pontos em 4 partidas. Um aproveitamento de 25%, muito abaixo do ideal para um time que almeja uma taça em um campeonato de pontos corridos como o Brasileiro. Porém a reação começou, e não foi de qualquer forma, com um simples 1x0 em futebol manjado e simplista. Começou a reação em grande estilo! Com futebol bem jogado, para encher os olhos da torcida que compareceu no Morumbi (menos de 10 mil) e com direito a goleada sobre o Atlético Mineiro. Nada mais, nada menos que 5x1. Belas jogadas que resultaram em belos gols (especialmente o de cabeça de Hugo, após triangulação entre Jancarlos e Joilson) e chutes a longa distância, certeiros e fortes. O adversário também não vive bom momento, porém se levarmos em conta que, durante todo o ano, o São Paulo encarou equipes mais fracas e em pior momento que o Galo, e teve dificuldades para vencê-las (sendo que não conseguiu vencer algumas), esta reação é muito significativa.
Acredito no HEXA (do Brasileiro), tal como acreditei no TETRA (da Libertadores). Confio que o planejamento para o segundo semestre será mais bem pensado e estruturado. Espero que os principais jogadores que perigam deixar a equipe na abertura da janela européia continuem por aqui, para mantermos uma base competitiva. Confio na reabilitação de Hugo, na encarnação de um espírito vencedor de Joilson, na garra dos jogadores de marcação (Hernanes e Zé Luís), na humildade de Richarlyson, na técnica e confiança dos zagueiros (André Dias, Alex Silva e Miranda), na disposição de Aloísio e Borges, nos pés calibrados de Jorge Wagner e Jancarlos e, especialmente, torço pela superação de Rogério Ceni. Ainda há tempo, e Muricy sabe disso! É um grande técnico que vive momentos em que é altamente questionado, mas sempre prova sua qualidade. Desta vez, não será diferente. Confio no “professor” e torço por sua permanência, no mínimo, até o fim do ano, pois nos dará mais alegrias e fará de nós mais orgulhosos ainda.
Que venha o Flamengo!
Acredito em um 2008 tal como 2006 e 2007: em dezembro, São Paulo FC - Campeão Brasileiro!
Obrigado a todos pela audiência no meu blog! Espero vê-los por mais muito e muito tempo, acompanhando, comigo, a história do São Paulo FC, o Tricolor Mais Querido do Mundo!!
13.6.08
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário