27.3.09

Choque-Rei silencioso, até o apito inicial...

Após a investida de Pardal (atacante tricolor), Oberdan segura a bola. Com o empate, a moeda caiu de pé.*

Após a investida de Pardal (atacante tricolor), Oberdan segura a bola. "A moeda caiu de pé".*

Enquanto 90% da mídia esportiva (especialmente televisiva e radialista) é dedicada a falar sobre Ronaldo e Corinthians (50% do tempo é Ronaldo, 40% é Corinthians), o fim de semana se aproxima e pouco se ouve falar sobre o líder do campeonato, Palmeiras, e o hexa-campeão nacional que está na cola do time de Ronaldo (isso, time de Ronaldo, e não Ronaldo do Corinthians, pois este já se tornou o foco principal faz tempo). O Palmeiras já está classificado e busca a liderança consolidada por antecipação, o Sampa vem de vitória contra o Noroeste fora de casa, por 1x2, e caso vença o clássico, combinando com um empate ou derrota corinthiana, se torna o segundo na tabela - o que é importante para as semifinais serem decididas em casa.

Até o momento, o clássico tende a ser o mais forte em termos técnicos, ou ao menos em disputa acirrada pela vitória, em vista que a rivalidade dos dois tem sido a mais pesada nos últimos anos do que qualquer outra no estado. Bem, outra verdade é: não existe mais um rival fixo para o SPFC, mas o SPFC é o rival mór de todos os grandes paulistas faz tempo (desde 2005, ano mais glorioso desta década que a mídia faz questão de esquecer em todos os momentos que cita a potência bélica tricolor a fim de diminuir um pouco a força que o São Paulo representa dentro e fora do país).

Arlindo (SPFC) marcando Leivinha (Palmeiras), anos 70.Arlindo (SPFC) marcando Leivinha (Palmeiras), anos 70.

O clássico Choque-Rei (SPFC x Palmeiras) tende a ser bem disputado, apesar de desfalques sensíveis e já certos: Miranda (convocado à seleção) e Diego Souza (que foi expulso na última partida do Palmeiras e cumpre suspensão). Além dos dois, o Tricolor pode não contar com o eficiente e sempre presente, apesar da pouca badalação, Borges. O matador são paulino que atua lado a lado com Washington fazendo a dupla de ataque do SPFC sente dores no joelho esquerdo, e apesar de seus exames não terem acusado nada mais sério, nada traz certeza de sua participação ou não. Em caso de ausência, provavelmente Dagoberto, que é atacante de mais movimentação porém sem grande eficiência na finalização, deve entrar em seu lugar. A qualidade técnica aumenta, porém as chances de gols, ao menos em tese, diminuem sensivelmente.

Alguns duelos em particular entrarão em campo neste sábado, as 16h10, no estádio do Morumbi. A começar pelos bancos, que contarão com Vanderlei Luxemburgo, do lado alviverde, e Muricy Ramalho, defendendo as três cores mais queridas. São os dois técnicos considerados mais fortes no cenário nacional (em atividade no Brasil), seguidos de Mano Menezes e mais um punhado de técnicos menos badalados. Nos últimos anos, os duelos têm sido equilibrados. Em 2008, foram 2 vitórias para cada lado e 1 empate (2 vitórias palmeirenses no Paulista, 1 tricolor na primeira semifinal do mesmo torneio e 1 no Brasileiro, além de um empate também válido pelo Brasileiro).

Outro duelo interessante fica por conta dos camisas 10, Hernanes (SPFC) e Cleiton Xavier (Palmeiras). Ambos estão em fase de destaque e impõem respeito a quem quer que seja o adversário. A vantagem, em meu entendimento, está do lado tricolor. Não só por considerar Hernanes mais completo que o rival, mas também por considerar a zaga tricolor superior à palmeirense, o que, em tese, pode facilitar a vida do camisa 10 na armação de jogadas. Além do que, nosso meia joga com o apoio de Jorge Wagner (um algoz aos olhos dos palmeirenses), que hoje atua mais pela meia-esquerda, e, mais importante ainda, o indiscutivelmente habilidoso e não só promessa, mas realidade, volante Jean, que sabe marcar muito bem e também colabora com grandes jogadas de ataque do time, sem deixar a zaga descoberta. Pra completar, Cleiton Xavier vem de contusão e, até quinta-feira, dia 26, não estava 100%.

Mas, talvez, o mais importante duelo seja entre os dois 9 que foram artilheiros do último nacional, ao lado de Kléber Pereira (do Santos): W9 e K9 (Washington, SPFC, e Keirrison, Palmeiras). As novas letras aderidas ao idioma português no último acordo gramatical, K e W, que antes nada tinham de português, quanto menos brasileiras, hoje são destaques incontestes em suas equipes. Keirrison é o artilheiro (momentâneo) do estadual, com 12 gols, e promete mais. O jovem atacante vindo do Coritiba já marcou contra o Tricolor no ano passado, e tem fome de bola. Deve dar muito trabalho à equipe são paulina. Porém, do outro lado, temos um matador experiente e que não se intimida ante a jogos importantes, nem mesmo clássicos. Washington é do tipo de jogador que perde muitas chances, mas porque não hesita em tentar o arremate. E, se assim for, com o tanto de oportunidades que o SPFC deve criar no jogo, deve guardar o seu gol no sábado.

Duelos como Marcos x Rogério Ceni (que tem no Palmeiras seu prato-principal na arte de fazer gols) são dispensáveis de comentários, em vista de todos os que já houveram. Além do mais, não sei dizer se o ídolo palestrino estará em campo ou não (tomara, pois faz um tempo que ele não é mais o mesmo... torcedores do Colo-Colo que o digam).

Palhinha em dividida em Choque-Rei, anos 90.Relembrando momentos: Palhinha em dividida em Choque-Rei, anos 90.

Forte abraço a todos e um ótimo clássico!

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Choque-Rei, mais do que uma rivalidade, é história.

* A moeda que caiu em pé refere-se a seguinte história. Quando Corinthians e Palmeiras eram hegemônicos nos torneios paulistas, enquanto definiam-se as regras para o Paulista de 1943, foi dito por seus então mandatários que o torneio seria decidido no cara-ou-coroa, e que "Para saber quem vai ser o campeão é só jogar na moeda. Se der cara, o Palmeiras leva. Se for coroa, o Corinthians conquista a taça". Frederico Menzen, então presidente tricolor, questionou: "E o São Paulo?". "Só se a moeda cair em pé" foi a resposta obtida. No fim do campeonato, deu São Paulo campeão (após empate contra o Palmeiras), e, assim, "a moeda caiu em pé".

A Moeda que caiu em pé.Troféu simbólico dado aos jogadores campeões.

24.3.09

Unificação dos títulos brasileiros?

Boa noite, irmãos tricolores (e não-tricolores)... hoje o assunto é polêmico!


Nesta última terça, soube de uma movimentação de bastidores organizada por diretorias de alguns dos clubes mais relevantes do futebol nacional. Tal movimentação tem motivo: a unificação dos títulos brasileiros. Mas de que estamos falando, afinal? O que quero dizer com "unificação"?

As diretorias de clubes como Bahia, Santos, Palmeiras, Cruzeiro, Fluminense e Botafogo se uniram em prol de um objetivo: a construção de um dossiê que busca a equiparação (nivelação em mesmo grau) dos títulos da Taça Brasil e do Robertão com relação ao Campeonato Brasileiro em reivindicação junto a CBF.

O que foi a Taça Brasil? Similar à atual Copa do Brasil na fórmula de disputa, a Taça Brasil era um torneio em mata-mata disputado entre os campeões estaduais do ano anterior. Durou de 1959 a 1968 e teve como campeões o Santos, por 5 vezes (consecutivas), o Palmeiras, por 2 vezes (alternadas), o Bahia, o Cruzeiro e o Botafogo (cada um com 1 título).

O Robertão (ampliação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, vulgo Rio-SP, pois incorporou times de MG, RS, PR e posteriormente BA e PE) era um torneio mais semelhante ao Brasileiro que durou até 2002, com ressalvas. Dois grupos em disputa, dos quais primeiro e segundo lugar de cada grupo faziam um quadrangular final de turno único. O que somasse mais pontos seria o então campeão. Foi disputado entre 1967 e 1970. Deste, saíram campeões Palmeiras (2 vezes), Santos e Fluminense (1 vez cada).

O Campeonato Brasileiro como hoje conhecemos (apesar de algumas mudanças de ano pra ano) é disputado desde 1971, e surgiu devido ao surgimento e crescimento do futebol em mais regiões, que não apenas o eixo Rio-SP e adjacentes. Sendo, a princípio, disputado por 17 equipes (entre primeira e segunda divisão - criada junto ao Brasileiro). Foram diversos os nomes, o que às vezes confunde a cabeça do amante do futebol, como Campeonato Nacional, Copa Brasil (não Copa do Brasil, nem Taça Brasil), Taça de Ouro, Copa União (organizada em 1987 e com suas respectivas polêmicas) e, por fim, o Campeonato Brasileiro, mas que no fim das contas, o torneio é o mesmo, apenas com reformulações pertinentes a melhor ajustar os interesses e torná-lo mais competitivo e atraente.

Bem, então vamos aos argumentos. Muitos afirmam que a Taça Brasil deu origem ao Campeonato Brasileiro, mas a forma de disputa deste já é diferente, tanto porque os times que da Taça Brasil participavam serem apenas os campeões estaduais, quanto porque não era um torneio que abrangia todos os Estados do Brasil, sendo sua eliminatória (ou seja, forma de classificação para participar) de natureza excludente aos cantos mais afastados do Brasil amante da bola. Além disto, o status de campeão dava a um clube a possibilidade de iniciar-se na competição com vaga assegurada nas semi-finais (???), fato este que deu ao Santos a vantagem em disputar o torneio de 62 e 63 a partir de tal fase. Justo, talvez, alguns dirão, porém é como a Azurra (Itália) iniciar a próxima Copa do Mundo de 2010 nas semi-finais e, com mais tempo para preparar-se e mais descansada, possa mais facilmente abater qualquer adversário que chegue para tentar tirar desta o trono e o cajado de Reis do Mundo da Bola.

Hoje, ao saber de tal reivindicação destes clubes (citados ao início do post), acompanhava o programa Bate-Bola da ESPN. Eis que o jornalista, colunista e comentarista do respectivo veículo esportivo, Mauro Cezar Pereira, declarou-se radicalmente contra tal medida. Comparou os campeonatos citados ao recém-conquistado Brasileiro de 2008 pelo nosso amado São Paulo FC. Como poderia um torneio de 38 rodadas, com longas viagens, concentração, de diversas rodadas decisivas e repletas de situações importantes ser equiparado a um torneio vencido em quatro jogos pelo glorioso Santos de Pelé? Com todo respeito à conquista, ao clube e à torcida santista, apesar de Pelé e cia terem sido os maestros de tal orquestra e sinfonia, o campeonato Taça Brasil é impensavelmente similar ao atual Brasileiro, tal qual o Santos de Robinho conquistou duas vezes (inclusive, fazendo-nos amargar terrível derrota - em 2002). A Taça Brasil está muito mais próxima do que é a Copa do Brasil, tanto em termos de importância, quanto de relevância histórica.

Ainda argumentam que a Taça Brasil levava o campeão à Libertadores. Pois bem, a Copa do Brasil também o faz, mas ainda assim abarca um número muito maior de grandes equipes e dá chance a muito mais equipes provarem seu valor em torneio mata-mata (preferência nacional, por aspectos emocionais e/ou às vezes incompetência em longas competições, ou por administração ou algum possível deslize passível do azar). Além do mais, se o torneio Robertão fosse equiparado ao atual nacional, seria menos injusto, digo, menos injusto mesmo, pois foi uma tentativa de abraçar o máximo possível de grandes equipes do cenário nacional, mas ainda assim de maneira mais limitada e restrita.

Tais atitudes, por parte das diretorias, me parecem por demais uma tentativa alucinada de justificar um presente inócuo, fruto de administrações ineficientes e de extrema baixeza, que levaram tais clubes a períodos longos de sabor amargo na garganta. Times grandiosos, mas que esvaziam sua história na tentativa de elevar títulos não tão relevantes assim, esquecendo de um presente a ser trabalhado, em busca de um futuro tão ou mais glorioso que seu passado que tanto tentam glorificar, mas não para si mesmos, e sim para os olhos alheios. Uma vaidade enorme em tentar enobrecerem-se, não em atitudes, mas para tentar diminuir os feitos de outros.

Não, sem exageros. Como recentemente nossos vizinhos de CT (o Palmeiras) entrou com requirimento junto à FIFA pelo reconhecimento de um torneio que, na época, era tido como um Mundial de clubes, mas que o mundo não vê, naquele, tal relevância. Torneio, do qual, o SPFC foi quem ergueu a taça por duas vezes. Como se, por algum acaso, a atual Libertadores da América perdesse seu valor por alguma questão econômica e a Sul-Americana erguesse sua força e, ao voltar da Libertadores, aqueles campeões da Sul-Americana alegassem junto a CONMEBOL a validade de suas taças como legítimos gigantes da América de seus respectivos anos. Ou mesmo se nosso SPFC reivindicasse à CONMEBOL (tal como outros poderiam fazê-lo) o reconhecimento de que a Copa Conmebol, vencida em 1994 com o "Expressinho Tricolor" sob o comando de Muricy Ramalho, como a Sul-Americana dos anos 90. Não seria mentira, mas é deveras desnecessário. Tal qual a Copa das Confederações é das "Confederações" e não Copa do Mundo.

Portanto, afirmo, reafirmo e não nego: sou contra a "unificação". Não falo com o coração, falo por argumentação racional e que reconhece o valor de tais torneios, importantíssimos em sua época, mas não considero-os equiparáveis, muito menos unificáveis.


* Informações retiradas do "blog do PVC" (Paulo Vinícius Coelho) e colhidas em atenciosa audiência no Bate-Bola desta noite, 24 de março de 2009.

20.3.09

Bola no chão dá jogo

É tudo que o torcedor são paulino - acostumado aos arsenais de 70, 80 e 90 (que tinha no Tricolor um time de futebol cadenciado, de passes refinados e movimentação) - pede hoje à equipe de Muricy Ramalho. Para isso, não falta qualidade individual, muito pelo contrário.

É bem verdade que não é o futebol que a equipe vem apresentando ao longo dos últimos anos, acostumada a jogos de chutão pra frente, lançamentos em longa distância, bolas paradas e cruzamentos vindos das alas (especialmente da esquerda). Porém, se os jogadores forem analisados, podemos notar uma imensa qualidade destes no fundamento “passe”.

No meio de campo, apesar de não termos um meia nos moldes clássicos, temos um setor muito bem equilibrado, com Junior Cesar pela lateral/ala esquerda, com jogadas de velocidade e boa qualidade de passe. Temos também Jorge Wagner mais centralizado do que nas duas temporadas passadas, como um meia esquerda, dividindo a função de armação de jogadas pelo setor com Hernanes, que fica responsável pelo lado direito do campo. Na extremidade direita, Zé Luis é o responsável na maior parte dos jogos, papel que na última quarta foi desempenhado por Arouca. Zé Luis não é dono de grande qualidade com a bola nos pés, a meu ver, porém é um grande marcador. Hernanes e Jorge Wagner são ótimos no passe, sendo Hernanes um jogador de mais habilidade e velocidade, e Jorge Wagner de boa visão de jogo. Mais recuado está Jean, um volante que mal se pode dizer que é volante, pois tamanha é sua qualidade com a bola nos pés, pode ser também peça importante na armação de jogadas, por ter ótimo passe, muito controle de bola e boa visão de jogo (além de ser rápido).

Na zaga, contamos com Renato Silva, que não chega a ser um zagueiro clássico, mas é bastante técnico, André Dias, o xerife da zaga tricolor, jogador de muita raça e boa técnica, e Miranda, o mais técnico dentre eles (e o melhor do Brasil, no meu entendimento), apesar de não estar em sua melhor fase (ainda assim, convocado por Dunga para a seleção canarinho… vai entender!). Todos estes são jogadores que possuem um passe muito bom, e ainda podem contar com a segurança rotineira (apesar de alguns vacilos na última partida) de Rogério Ceni, o goleiro que atua como líbero, com permissão para agarrar a bola com as mãos.

No ataque, os matadores Borges e Washington dispensam comentários. Borges parece ter encontrado seu espaço no campo ao lado do ex-carrasco do Tricolor em 2008. Ambos estão muito bem entrosados e, salvo alguns caprichos desnecessários (como alguns que ocorreram na partida contra o Defensor), são sempre uma certeza de gol, ou, ao menos, uma preocupação grande ao adversário, tanto por sua capacidade de arremate, quanto na qualidade de pivôs, que ambos exercem com muita propriedade.

Sem falar das opções que o SPFC tem no banco de reservas para diversos setores, o SPFC tem um time que pode colocar a bola no chão e fazer, se não igual, um futebol semelhante à escola clássica do São Paulo Futebol Clube. O futebol de classe, de toque de bola e eficiência, de times mortais e temidos, especialmente desde os anos 70. O futebol que empolga e encanta o torcedor são paulino de longa data. Futebol de cabeça erguida, bola de pé em pé e o adversário na roda. Tudo depende de um fator único: com calma, deixar a bola rolar suave no tapete dos Deuses do Futebol e fazer o que sabe fazer, tocar a bola.

Bola no chão dá jogo! E a prova disso é que nos momentos em que o SPFC fez isso contra o Defensor (URU) na última quarta-feira, ofereceu perigo ao adversário, e na primeira vez, marcou um gol em chute forte e bem colocado de Borges, após passe milimétrico de Jean. Aliás, placar final de 0×1, uma vitória importantíssima fora de casa que não somente dá a segurança e tranquilidade pra continuidade do torneio, como ainda coloca o SPFC como favoritíssimo ao caneco e, além do mais, aumenta as chances de fazer a melhor campanha de primeiro turno, possibilitando que os jogos de volta da fase de mata-mata sejam decididos em casa.

Forte abraço, Nação Tricolor!

Vamos São Paulo, Vamos São Paulo! Vamos ser campeões!

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Nota: não posso deixar de comentar e deixar minha mensagem de solidariedade a um dos principais responsáveis por nossa história de glórias, o uruguaio Pedro Rocha, que está em momento difícil em sua vida e precisando de apoio. Rocha sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral, vulgo “derrame”) e apresenta sequelas, como dificuldade ao caminhar e até alguns sintomas de depressão. As informações que tenho são de que o SPFC está apoiando o ex-craque (Verdugo ou Dom Pedro Rocha, como era conhecido) em ações voltadas à atenção de sua saúde, através de seu departamento médico do clube (Dr. José Sanchez, Dr. Marco Aurélio Cunha, dentre outros, que prestam atendimento e acompanham Rocha). Nos cabe a torcida por este grande mito de nossa história, não só por tudo que fez com a camisa Tricolor, mas por tudo que representa para o Mundo do Futebol (inclusive, Pelé dizia que Dom Pedro Rocha era, a seu ver, um dos 5 maiores do mundo em seu tempo).

Pedro Rocha, com a bola, foi um dos maiores ídolos do SPFC durante os anos 70.

Pedro Virgílio Rocha Franchetti (com a bola em mãos) foi um dos maiores ídolos do SPFC durante os anos 70 (1970-1977).

6.3.09

Acima de qualquer suspeita...

Finalmente, "acima de qualquer suspeita" uma partida digna de São Paulo Futebol Clube em 2009. Não, não é exagero coisa alguma! Ontem, antes da partida eu escrevi sobre minhas expectativas com relação ao estilo de jogo do SPFC, e pareceu-me que eu realmente tinha razão com algumas coisas.

Muricy utilizou, felizmente, Junior Cesar na partida, jogando Jorge Wagner pra meia esquerda, dando mais poder de marcação no setor do que com Hugo, e também possibilitando jogadas de velocidade pela linha de fundo, além, é claro, de jogadas de bola aérea (sendo que uma delas resultou no primeiro gol, aos 2 minutos, de Washington). O jogo do SPFC não foi um jogo super dinâmico, mas foi lá e cá, com a diferença de que nosso arqueiro esteve inspiradíssimo, nosso trio de zaga foi muito bem, o meio de campo soube trabalhar a bola de pé em pé, marcou muito bem e o ataque foi super eficiente (isto porque também perdeu muitos gols, alguns por mérito do goleiro do América de Cáli).

O sistema de 3 zagueiros, que eu cheguei a citar como algo, em certas vezes, desnecessário, ontem teve razões de permanecer, em vista que o time colombiano não estava retrancado e, com dois atacantes, um deles alto, buscava muito a jogada de bola alta. Ou seja, o sistema de 3 zagueiros não foi bem explorado por eles e funcionou.

(foto: Hernanes, autor do belo passe para o segundo gol sãopaulino, gol que resultou em briga*, fonte: globoesporte.com)


Tivemos um time que soube explorar as fraquezas do adversário ontem, foi pra cima e diminuiu os espaços, inclusive marcando a saída de bola do time colombiano. Ontem, senti confiança novamente. Percebi que Muricy reviu algumas idéias, e provavelmente mostrou confiança no potencial de seus atletas, o que os deu mais força pra jogar o que sabem jogar. Além, é claro, que a presença de Rogério Ceni em campo é um diferencial. Traz uma dose extra de confiança para os beques tricolores, torcedores e transmite sua experiência a todo o elenco. Vimos um time aguerrido, de pegada e força, mas sem deixar a qualidade técnica de lado (aliás, Hernanes ainda imendou um chapéu num meia adversário que o rapaz deve estar se perguntando, até agora, o que foi aquele vento na testa).

Por fim, digo: ontem o São Paulo que bota medo em seus adversários mostrou sua identidade, apresentou suas armas, festejou os 50 anos de Libertadores, fez valer toda sua força e experiência, seu peso de camisa e o respeito que conquistou nestes 73 anos de história. Gostei de ver, e agora fico no aguardo da próxima partida pelo torneio continental!

Nota do time: 8! Todos foram muito bem, não perfeitos pra um 10 nem semi-perfeitos pr'um 9,5 ou 9. Não houve um jogador que tenha destoado negativamente do grupo num geral. Inclusive Muricy. Todos tiveram papel tão importante quanto os de Jorge Wagner, no cruzamento certeiro para Washington no primeiro gol, quanto de Hernanes, no lançamento pro segundo gol (também de W9), quanto ainda o de André Dias, xerife na zaga, que acertou ótimo cruzamento para Miranda cabecear, e a bola rebatida pelo goleiro sobrar para o gol de Borges, o terceiro do jogo, que decretou a vitória sãopaulina. Portanto, uma nota geral.

Destaques: apenas para Washington e Borges, que não perdoaram quando tiveram suas oportunidades. Só não fizeram mais gols pois o arqueiro adversário, que falhou em não sair na bola do segundo gol Tricolor, esteve muito bem em quase toda partida. Para os dois, uma nota diferenciada: 9. Se continuarem assim, chegam a um 9,5 durante as próximas partidas. 10 é se fizerem isso na final.

(foto: Washington e Borges posam para o "globoesporte.com" como a Dupla do Barulho)


O Paulista está aí (domingo), e parece que Muricy Ramalho vai colocar um mistão (ou um time B - reservas) pra jogar. Espero que o faça mesmo e depois no outro jogo volte a jogar com os principais (estes de ontem), pra que não percam o ritmo e trabalhem mais jogadas alternativas. Mas o que importa agora é que o SPFC é líder de seu grupo, ao lado de Defensor (do Uruguai), com vantagem no saldo de gols (e nos gols pró, segundo critério de desempate). O jogo é só dia 18 de março, então são 2 semanas para trabalhar (e aguardarmos ansiosamente).

Até lá, só digo que A CADA DIA TE QUERO MAIS!!


Força, sempre, Tricolor - O Mais Querido!


* Não, a briga não foi entre Tricolores e colombianos. A briga foi entre os donos da casa mesmo. Entre zagueiro (Viáfara) e goleiro (Mesa), e também de atos de hostilidade por parte da torcida, que arremeçou objetos no gramado, como manifestação (infeliz, pois interrompeu a partida em 4 minutos) de descontentamento com o desempenho da equipe.

5.3.09

Ei, Muricy: é Libertadores!!

E, enfim, após a derrota no clássico de domingo, o San-São (Santos e São Paulo), nosso querido Tricolor está de volta à Libertadores. Será a segunda partida do SPFC no torneio de 2009, e precisa de uma boa atuação, ao menos, trazendo um empate como resultado, diminuindo um pouco a pressão. Porém, é fundamental que o Tricolor apresente um futebol digno de sua história.

Não, não é exagero pensar nisso. O São Paulo possui, no meu entendimento, o elenco mais forte do Brasil este ano (tal como foi em 2005, 2006 e 2007, não em 2008) porém até o momento não utilizou tal elenco como deveria. Responsabilidade de Muricy Ramalho isto. São diversas peças novas, algumas vistas como as melhores do setores para que vieram preencher vaga, outras apenas para composição de grupo mesmo.

O São Paulo, jogando contra o Santos, foi extremamente previsível (como tem sido durante o ano e foi também no início do ano passado). A diferença é que em 2009 há muito mais alternativas de jogo e estas não foram postas em prática. No jogo de domingo, percebi que existem 3 jogadas, apenas, que o SPFC utiliza jogando na formação que o levou ao título brasileiro do ano passado.

1) Ligação-direta: toda bola que passa pela defesa antes de chegar ao ataque, vai simplesmente como um foguete do setor defensivo ao ofensivo, ignorando o setor de meio-campo. Os zagueiros dominam a bola e fazem o famoso "chutão", na esperança de que um atacante a domine e, assim, surja um gol;
2) Jogada individual: quando a bola chega aos pés de Hernanes ou Dagoberto, espera-se, já, o de sempre: firulas fora de hora e lugar que raramente chegam a algum lugar. Tudo bem, algumas vezes isso dá certo. Às vezes, após umas "pedaladas" (remadas, eu diria) de Hernanes, ele chuta a bola a gol e pode dar rebote pros atacantes. Às vezes, Dagoberto puxa uma jogada individual pelas pontas e acerta um passe por entre os zagueiros, e isso resulta num gol. Às vezes;
3) Chuveirada: devido à qualidade de passe do meio campo tricolor estar em baixa, quase sempre que o time adversário está na defensiva (vulgo retranca), a única forma que o time do SPFC consegue pensar para passar por isso é a bola aérea. Seja pelso pés de Jorge Wagner pela esquerda, seja por Zé Luis na direita, a tática adotada tende a ser, sempre, o "chuveirinho".

E isso empobrece demais o futebol sãopaulino. O time é previsível e não consegue encontrar alternativas quando o adversário percebe este enorme "arsenal de jogadas" e passa a anulá-las. Isto, a meu ver, tem grande parcela de culpa nas escolhas feitas por Muricy Ramalho. Que escolhas?

Primeiramente, as peças que jogam: não é de hoje que o futebol do meia Hugo (que não é bem um meia) não convence. Hugo é lento, erra muitos passes, e, ao lado de Jorge Wagner, não consegue efetuar jogadas rápidas, pois o ala tricolor também não tem como característica a velocidade. Em seu lugar, a presença de Junior Cesar se faz necessária e, a meu ver, mais eficiente. Junior Cesar é um lateral esquerdo de velocidade e ofensividade. Não é um grande marcador, mas isso pode ser trabalhado. O que o SPFC precisa, hoje, é de ofensividade alternativa ao "de sempre". Ao lado de Jorge Wagner (jogando pela meia), Junior Cesar (mais à lateral) pode desenvolver triangulações, além de jogadas individuais e de linha de fundo, coisa que o SPFC não faz desde a saída de Danilo (que se entendia super-bem com Junior). Isso, ao menos pelo lado esquerdo, desafogaria Jorge Wagner da função de ser o responsável pelas bolas alçadas. Além do mais, é importantíssimo este tipo de jogadas pelos lados, com Jorge Wagner mais pelo meio, pois como vimos domingo, aumentaria a qualidade no passe e a velocidade, o que facilita muito mais e amplia as jogadas para furar uma retranca, especialmente quando a zaga adversária é alta (caso do Santos) que dificulta as jogadas de bola aérea.

No jogo de domingo isso foi claro. O SPFC não conseguia jogar pelo chão, pois o meio campo fica muito pela esquerda e distante, assim, apelava pras jogadas aéreas, e assim, perdia facilmente, em virtude da alta zaga santista. Além disto, o SPFC manteve a formação inicial com 3 zagueiros por muito mais tempo do que o necessário, pois o Santos estava numa retranca só e não havia necessidade de 3 zagueiros, e sim de preencher o meio de campo para que a bola chegasse com mais qualidade ao ataque. É aí que a entrada de Arouca se fez necessária. Muricy fez isso, colocando Arouca no lugar de Rodrigo, porém demorou demais (pra variar) pra fazer tal alteração. Demorou, pois não adianta em nada apenas 10 minutos para um jogador de meio-campo entrar no jogo e conseguir produzir algo.

Outra coisa que é necessário corrigir, é a ligação-direta. Porém isso não é de total responsabilidade dos zagueiros, mas sim tem sido um reflexo da formação, com um meio de campo que joga muito distante (um jogador do outro) e que não distribui a bola como deveria (que só faz chuveirinho ou jogadas individuais). Caso o jogo esteja fechado, há de se ter alternativas para passar a bola, fazer a bola rolar de pé em pé, mesmo que não seja na base da velocidade. Se o meio-de-campo se acerta neste aspecto, a zaga não se sente na necessidade de dar "chutão pra frente" toda hora que o adversário marca a saída de bola.

E, por fim, o SPFC precisa de um meio campo mais preenchido pois não adianta um jogador no ataque ou no meio que possua mais habilidade sendo que, após efetuar uma jogada individual, este não tenha com quem trabalhar a bola, pois se vê, sempre, distante do resto do grupo. Não há aproximação, não há qualidade.

Hoje é dia de Muricy Ramalho ousar mais. De abrir mão da história de manter o elenco Hexa-campeão a ferro e fogo como titular, e não titubear pra colocar de vez mais reforços no jogo.

A meu ver, o Tricolor deveria iniciar a partida de hoje no 3-5-2, já que jogará fora de casa e pode se basear no contra-ataque, porém na seguinte formação:

Rogério Ceni no gol;
Miranda, André Dias e Renato Silva na zaga;
Junior Cesar, Jorge Wagner, Jean, Hernanes e Zé Luis* no meio;
Washington e Dagoberto* no ataque.

* Escalo Zé Luis na direita, como ala, pois Wagner Diniz parece ainda estar muito inseguro e não sei se deveria iniciar como titular, talvez fosse opção no decorrer da partida, na necessidade de fazer pressão por todos os lados do campo.

** Escalo Dagoberto, e não Borges, apenas por convenção, ciente de que Dagoberto daria mais mobilidade ainda ao time. Borges pode ser importante no caso de Washington não render na partida (isto é, não render se tiver oportunidades, se a bola chegar nele, ao invés de ele ter de vir buscar a bola no meio, como já houve este ano). Borges estaria na vaga de Dagoberto, caso este não esteja em um bom dia, ou que a forte marcação adversária diminua os espaços para jogadas individuais.

A entrada de Arouca, no lugar de um dos zagueiros, também pode ser estudada, mudando o time para um esquema de jogo com o meio de campo mais preenchido. Uma espécie de 4-4-2, mas que tem em seus laterais bastante ofensividade (talvez menos pela direita, com Zé Luis). Ou ainda, caso Jorge Wagner não esteja bem, Arouca em seu lugar. Ou, em terceira possibilidade, Arouca no lugar de Junior Cesar, assim, com Jorge Wagner na ala novamente, mas de volta ao "futebol burocrático", dependendo de como se portar o adversário. O importante é: Hugo? Não!

Vejo que se Muricy olhar para pelo menos duas destas três sugestões, temos maiores chances de ver uma partida bem jogada pelo Tricolor, e as expectativas quanto à possibilidade do Tetra aumentam. Mas acima de tudo, mais do que uma vitória ou até mesmo um empate, o SPFC precisa jogar bem, hoje. Ser convincente, apresentar um futebol mais rico e mais digno de seu elenco e sua história. Mais digno de ser o campeão Brasileiro por 6x, 3x consecutivas. O SPFC não pode ser um Lyon brasileiro. O São Paulo Futebol Clube precisa voltar a mostrar o por quê de ser um dos times mais importantes do mundo. Muricy, você sabe disso.

Ps.: nos últimos dias, soube de uma declaração de Hernanes a respeito da Libertadores. O meia-tricolor disse que os jogos na Libertadores devem ser encarados como os de qualquer outra competição. Até certo ponto, ele tem razão. Ou seja, o SPFC precisa jogar a Libertadores sabendo de seu poder de fogo. Porém, precisa saber que a Libertadores tem muito mais peso e importância que qualquer outro torneio, ou seja, deve utilizar seu poder de fogo com muito mais seriedade, persistência, força e vontade que em qualquer outro torneio que dispute. Portanto, a Libertadores não é qualquer competição. Não que seja "nossa competição favorita", pois isso é coisa de torcedor "modista", mas porque é a competição mais importante e mais difícil mesmo.


Por hoje, é isso!
Um forte abraço a todos e que nosso Tricolor mostre suas armas hoje!!

VAMOS SÃO PAULO, VAMOS SER CAMPEÃO!!