7.6.08

15 anos apagados em 2*

De Tri a Penta... Bem, a conta parece simples (dois). Ou seja, bastariam dois anos para essa mísera soma!! O que são dois anos? O que são dois campeonatos? Ah, quase nada!! É simples! Porém, a história nos mostra o contrário: a nossa história, repleta de glórias e conquistas, alegrias e gritos de “é campeão!” nos mostra que nas três primeiras décadas do Campeonato Brasileiro nós conquistamos “apenas uma taça a cada dez anos”. Se levarmos em conta o extremo nível competitivo de tal campeonato, em todas suas edições (de 70 a 90), percebemos o quanto estas três taças são importantes e grandiosas (não importa se nos levaram ou não à Libertadores).

Pois bem, o São Paulo Futebol Clube, time mais vitorioso do Brasil, se constituiu como tal há pouco tempo, e foi justamente graças às conquistas mais recentes: Paulista, Libertadores e Mundial de 2005, Brasileiros de 2006 e 2007. Mas quantos anos nós ficamos sem colocar as mãos na taça nacional? Desde nossa última conquista, a quarta, em 1991, que amargamos um jejum terrível: nada mais nada menos que 15 anos!! Exatamente, 15 longos anos. Sejamos honestos que nem os dois primeiros nem o último ano de jejum incomodaram (afinal, foram 3 mundiais e 3 Libertadores nestes tempos), porém devemos lembrar que a fila de 92 a 2005 sem Brasileiros não foi somente longa como nos reservou momentos dolorosos, de eliminações impensáveis e incompensáveis.

Apenas para ressaltar uma delas, vos lembro do Campeonato Brasileiro de 2002: éramos líderes, sem dúvida alguma, do torneio até o fim da primeira-fase (pontos corridos). O futebol era convincente, tínhamos o meio-campista que era a sensação do futebol no momento (hoje, melhor jogador do mundo) Kaká (na época com C), comandando com maestria a armação de jogadas do time tricolor. Nosso elenco não era formado por peças de altíssimo nível, porém possuía qualidade superior a muitas das equipes. De repente, na virada de fase, quando se iniciava a fase de “mata-mata”, deparamo-nos com o Santos de Vila Belmiro: uma equipe constituída por um elenco jovem, comandados por Émerson Leão, que trazia jogadores como Robinho e Diego. O Santos terminara a primeira-fase na oitava colocação, 13 pontos atrás do Tricolor. Mas clássico é clássico e vimos nosso Tricolor ceder frente ao futebol do time da Baixada nas quartas-de-final. Vale lembrar que, ainda na primeira fase, Diego comemorou gol em cima do escudo Tricolor, em pleno Morumbi, para a loucura dos tricolores, em atitude totalmente desrespeitosa (à qual Fábio Simplício interviu e interrompeu a comemoração atropelando o jovem santista, sendo premiado com uma placa pela diretoria por defender a honra do clube!).

Foram longos 15 anos, nos quais sequer tivemos força para voltar à disputa da Taça Libertadores, que dirá almejar o título nacional. Sem perspectivas, só voltamos (desde 1994) ao torneio continental em 2004, após terceiro-lugar na campanha no Brasileiro de 2003. O mesmo se repetiu em 2004 (ano em que caímos na Libertadores diante do Once Caldas – a zebra –, campeão continental), porém agora com uma possibilidade maior de acreditar em um bom ano seguinte, diante da nova formação da equipe montada por Cuca e reestruturada por Émerson Leão (no já bom e velho 3-5-2).

Em 2005, após a saída do técnico Émerson Leão ainda durante a primeira fase do torneio continental (após a conquista do Paulista), assumiu o comando da equipe o “bom técnico” Paulo Autuori. Sim, “bom”, afinal, soube manter o padrão tático e técnico da equipe em alto nível e assim levar nosso Tricolor à conquista da América pela terceira vez (diga-se de passagem, com muita facilidade sobre o Atlético Paranaense) e depois, consequentemente, ao Tri-Mundial em dezembro, ante o Liverpool – ING. Porém, devido a priorização máxima da Libertadores e do Mundial naquele ano, o campeonato nacional mais importante e disputado do globo caiu em total ostracismo. Não nos importamos muito com o fato, pois estávamos com a cabeça em Tokyo, porém apresentamos uma campanha altamente irregular e que começava a preocupar sobre como é que nos apresentaríamos no fim do ano. Tudo deu certo ao fim! Após vitória suada e apertada, com direito a sustos, sobre o Al Ittihad da Arábia Saudita (?), conseguimos chegar à final. Final esta, disputada e com muito sofrimento. Vimos um time aguerrido, forte e unido, mas que, após marcar um gol e tentar por mais alguns minutos ampliar o placar (em menos de 40 minutos do primeiro tempo), se encolheu na defesa e esperou os ataques do massacrante “time de vermelho”. Quem não sentiu o coração na garganta naquela manhã de 18 de dezembro?

Sufocados, contamos com um dia mágico e inspiradíssimo de nosso arqueiro, Rogério Ceni, além de uma arbitragem impecável e corajosa do mexicano, Benito Armando Archundia, que anulou e invalidou as jogadas que resultariam (e resultaram) em 3 gols do Liverpool que acabariam com o sonho do Tri. Uma postura totalmente defensiva que deu certo pela eficiência, pela sorte, pela coragem e pela honestidade dos envolvidos. Mas, e o que se deu do campeonato nacional? Não nos importava muito, repito, é verdade! Porém a campanha foi muito abaixo do esperado e mostrou que não soubemos ser competitivos de forma tão convincente assim, pois foram quase 6 meses sem que o SPFC fizesse uma apresentação digna de um campeão sul-americano.

Eis que chega o ano de 2006. O ano em que amargamos o vice-campeonato Paulista, apenas 1 ponto atrás do Santos (de Vanderlei Luxemburgo) por falta de tempo de preparação que resultaram em falhas infantis durante as primeiras partidas do campeonato. Depois de alguns meses, vimos a derrota (em casa) de um São Paulo sem Josué expulso, que era o motor da equipe ao lado de Mineiro, este que havia levado um “pisão” no tornozelo e mancava em campo. Para piorar, presenciávamos uma das maiores falhas e acidentes que já acontecera com nosso capitão. Ceni entregava a bola nos pés de Fernandão, do Internacional, em gol que marcaria aquela derrota e desilusão. O herói do Tri, agora um dos maiores responsáveis (diretos) pela derrota do que teria sido o Tetra. Infelicidades ímpares. Dois jogos, mas não conseguimos mudar a história e perdemos para aqueles que, após 6 meses, se sagrariam campeões do mundo pela primeira vez em sua história.

Descrente, o São Paulo iniciava seus passos no nacional. Ainda tristes estávamos pela derrota sofrida, na qual o Tricolor caiu em pé e de cabeça erguida na final da Libertadores. Eis que, após uma brilhante campanha no torneio, mesmo perdendo peças importantes (desde o início do ano), como Cicinho e Lugano, o futebol do São Paulo convencia e vencia, pela quarta vez, sob o comando de Muricy Ramalho, o Campeonato Brasileiro. Indiscutivelmente, com duas rodadas de antecedência, em empate com o Atlético Paranaense, pela primeira vez, comemoramos um Brasileiro em casa! O Morumbi revivia e as cores vermelha, branca e preta dominavam o Brasil. Tivemos de aguardar o desfecho no placar do jogo do Internacional que, diferentemente do SPFC em 2005, mesmo priorizando a Libertadores-06 e o Mundial de dezembro da FIFA, estavam no páreo e não deixaram de ir em busca de mais essa taça. 15 anos ficavam para trás e a derrota sempre amarga em nossa garganta para o Inter já não doía mais, ao menos, não tanto.

Em 2007, sofremos baques parecidos, diante do São Caetano (outrora comandado por Muricy) no estadual e do Grêmio (ex-rival do treinador são-paulino) no continental. Derrotas duras, mas que mostraram que o elenco estava mais enxuto e que não tinha mais diversas peças importantes das temporadas anteriores. Perdemos Danilo para o futebol japonês, Mineiro para o alemão, Ilsinho e Josué. As reposições não vieram à altura e as improvisações tiveram início: “coloca Richarlyson no lugar de Mineiro, depois Hernanes no de Josué, Souza revezando na lateral direita com Leandro ou Alex Silva, os mesmos Souza e Leandro revezando na meia-direita”... Ou seja, uma confusão dos diabos!! E por quê? Já faltava, desde aqueles tempos, um “meia”. Mesmo assim, dentre as acertadas improvisações e graças à imaginação de Muricy atrelada à eficiência e obediência do elenco, o Tricolor alcançou (desta vez com maior folga) a quinta taça do nacional. Mesmo diante das adversidades e da descrença, o São Paulo mostrava as razões de estar, sempre, no topo! Estava em seu devido lugar e de onde não deve sair, nunca! Uma muralha foi construída, ora com André Dias, ora com Breno, ao lado do sempre seguro e confiável Miranda e do grandalhão e habilidoso Alex Silva na zaga. Os improvisados e promovidos à posição de volante, Richarlyson e Hernanes viraram unanimidade e certeza de que formavam com maestria (somados à zaga e ao guerreiro Leandro, que infernizava os adversários fazendo marcação na saída de bola) o melhor sistema defensivo do SPFC nos últimos anos. Lá estava o dedo do treinador, ou não? Um ataque não muito criativo e nem tão eficiente, mas que cumpriu bem seu papel durante o torneio e que, assim, garantiu o sucesso do Tricolor no Brasileirão.

Agora, mais do que nunca, 15 anos foram esquecidos! 15 anos se resumiram, se subtraíram, se apagaram e se tornaram menores do que 2 anos! O que o São Paulo conquistou não foi apenas um bi-campeonato Brasileiro, mas a certeza de que é o “Time da Fé” e que se engrandece perante as dificuldades. Este ano de 2008 também já nos reservou duras quedas e desclassificações, porém devemos ser humildes em reconhecer os méritos dos adversários (Palmeiras campeão Paulista e Fluminense, já, na final da Copa Libertadores da América). Sabemos que nosso time passa dificuldades e encontra diversas carências que dificilmente serão preenchidas rapidamente: elenco curto; não há um meio-campista que cadencie, equilibre, arme, crie, marque, faça gols; ataque sem referência e sem goleador-nato; dentre outros problemas. Talvez possa faltar motivação, talvez esteja faltando breu, brilho e liga, mas o que não pode faltar é apoio. A história comprova (2006 e 2007) que quando há apoio, há vontade, e vontade (atrelada à qualidade) é aquilo que torna uma equipe competitiva. A qualidade está nas mãos da comissão técnica e da diretoria, trazendo reforços. Mas, enquanto houver vontade, devemos estar lá, para dar nosso apoio e, em pé, batermos palmas para o time que nos faz saber – todos os dias – que somos os maiores vencedores deste país. E para finalizar, sermos os maiores vencedores deste país significa sermos os melhores dentre os melhores: “Dentre os Grandes és o Primeiro!”.

Um forte abraço a tod@s!!

São Paulo FC – “O dia em que Tu não existir, eu não quero sorrir, nunca mais!”

* Coluna também publicada no site GDMTRICOLOR.com.br

3 comentários:

Unknown disse...

legal o texto.

acho que esses títulos acabaram criando um monstro: a nossa torcida. ela parece (no geral) ser mais movida por vontade de ver o time ser campeão do que simplesmente acompanhar a equipe do coração.

essa postura se reflete nas cornetagem que temos em volta de nossos jogadores e do treinador.

Bruno Muniz, disse...

obrigado, davi!!
concordo em gênero, número e "degrau" contigo
muitos se habituaram a gritar "campeão" e esqueceram que isso não é obrigação, é fruto de muito trabalho e dedicação, além, é claro de superação sobre adversários que também buscam gritar "campeão"
abraço!!

Marcos Fernandes disse...

Longa vida a Bíblia Tricolor!!!!