Sejam, novamente, bem-vindos! Hoje, venho falar de um tema que está martelando em minha cabeça há algumas horas, graças a uma declaração feita por Alex Silva estes dias a respeito de sua convocação para um polêmico e bizarro (diga-se!) amistoso entre Seleção Brasileira Olímpica e um "combinado carioca" para domingo, dia 22 de junho. Pareceu-me uma declaração não má intencionada, porém, no mínimo suspeita, diante de tantas especulações de sua ida para o futebol europeu nos últimos dias. Portanto, quero falar a respeito de uma situação muito comum todos os anos para nós e que nos traz, sempre, a mesma sensação: preocupação.
Preocupação: Pre-ocupação; pré-ocupação. Ou seja, Ocupar-se de algo por antecedência, antecipação.
Esta é a primeira coisa que todo grande clube passa durante o fim ou meio de uma temporada. Os anos passam e, ao invés de notarmos alguma melhora ou algo que traga confiança ao torcedor, pelo contrário, só vemos esta realidade se engrossar e a coisa ficar cada vez mais feia pro nosso lado. Como fugir de um sistema faminto por dinheiro que alimenta as expectativas de toda uma logística de mercado internacional, que através de patrocínios e investimentos pesados banca o sonho de segurança e luxo de jogadores oriundos de classes mais baixas e desfavorecidas? É realmente uma incógnita e a solução parece estar longe da mente de qualquer um que se disponha a discutir o assunto.
Vivemos em uma sociedade espetaculosa e que alça o espetáculo acima de qualquer formação de identidade, de um caráter do indivíduo perante o coletivo. Não se trata mais de ser, em nenhum aspecto social, inclusive o futebol, em ser parte de um todo, com sua contribuição e relação para com ele. Não é mais uma questão de se constituir enquanto um ser, enquanto alguém que é e ocupa uma posição de prestígio dentro de um grupo, mas de ter um prestígio passageiro e artificial, pautado em uma questão econômica.
Mais uma vez, um semestre está se encerrando e o que mais surge na cabeça do torcedor é: "quem será que vai desta vez?". Cheios de incertezas sobre quais de seus novos e meteóricos ídolos, que surgem de repente e desaparecem, assim, da mesma forma, a única certeza é de que sabemos que algum destes jogadores que cantamos o nome hoje no estádio, amanhã não estará mais por terras tupiniquins. Não há como duvidar da ida de algum de nossos jogadores para o "espetacular" e riquíssimo futebol europeu - que de Europeu mesmo, só tem os clubes e nomes, mais uma meia-dúzia de sujeitos.
Hoje, as crianças vêem sob a camisa de um Barcelona, Milan, Real Madrid ou Manchester United seus ídolos e exemplos de vencedores. Acabou-se (com algumas raras exceções) o herói, o ídolo de um povo que defendia até os últimos momentos de sua longa carreira (sim, porque jogadores jogavam por muito mais tempo antigamente) a camisa e as cores de suas equipes, as que os revelaram para o mundo e o apresentaram para o futebol. Acredito que eu e aqueles que nasceram na mesma época que eu (anos 80) fomos os últimos a vivenciar a era do futebol que era jogado, em primeiro lugar, por paixão, e em segundo lugar, por questões econômicas ou mesmo de realização de um sonho por uma vida cheia de "glamour".
Talvez seja saudosismo demais de minha parte, mas uma coisa é certa: se existe algum jogador apaixonado pelas cores de seu clube a ponto de se dedicar a defendê-las até seus últimos instantes em campo, este jogador está para ser descoberto (ou estará encerrando sua carreira em breve).
Temos, pelo menos, quatro tricolores na mira de clubes europeus: Hernanes, Alex Silva, Miranda e Richarlyson. Alguém acredita que o São Paulo FC conseguirá manter os quatro no elenco até o fim do ano?!
Eu gostaria!
“O alvo é passar para o lado oposto: a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real. Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente.”
“No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso”
(Trechos retirados de “A Sociedade do Espetáculo” de Guy Debord)
“No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso”
(Trechos retirados de “A Sociedade do Espetáculo” de Guy Debord)
Um comentário:
Com certeza não ficaremos com os quatro até o fim do ano... Acho que as maiores perdas será o Hernanes e o Miranda.
Mas é uma realidade que sinceramente acho que não vai mudar tão cedo! A tendência é piorar, infelizmente! =S
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