27.3.09

Choque-Rei silencioso, até o apito inicial...

Após a investida de Pardal (atacante tricolor), Oberdan segura a bola. Com o empate, a moeda caiu de pé.*

Após a investida de Pardal (atacante tricolor), Oberdan segura a bola. "A moeda caiu de pé".*

Enquanto 90% da mídia esportiva (especialmente televisiva e radialista) é dedicada a falar sobre Ronaldo e Corinthians (50% do tempo é Ronaldo, 40% é Corinthians), o fim de semana se aproxima e pouco se ouve falar sobre o líder do campeonato, Palmeiras, e o hexa-campeão nacional que está na cola do time de Ronaldo (isso, time de Ronaldo, e não Ronaldo do Corinthians, pois este já se tornou o foco principal faz tempo). O Palmeiras já está classificado e busca a liderança consolidada por antecipação, o Sampa vem de vitória contra o Noroeste fora de casa, por 1x2, e caso vença o clássico, combinando com um empate ou derrota corinthiana, se torna o segundo na tabela - o que é importante para as semifinais serem decididas em casa.

Até o momento, o clássico tende a ser o mais forte em termos técnicos, ou ao menos em disputa acirrada pela vitória, em vista que a rivalidade dos dois tem sido a mais pesada nos últimos anos do que qualquer outra no estado. Bem, outra verdade é: não existe mais um rival fixo para o SPFC, mas o SPFC é o rival mór de todos os grandes paulistas faz tempo (desde 2005, ano mais glorioso desta década que a mídia faz questão de esquecer em todos os momentos que cita a potência bélica tricolor a fim de diminuir um pouco a força que o São Paulo representa dentro e fora do país).

Arlindo (SPFC) marcando Leivinha (Palmeiras), anos 70.Arlindo (SPFC) marcando Leivinha (Palmeiras), anos 70.

O clássico Choque-Rei (SPFC x Palmeiras) tende a ser bem disputado, apesar de desfalques sensíveis e já certos: Miranda (convocado à seleção) e Diego Souza (que foi expulso na última partida do Palmeiras e cumpre suspensão). Além dos dois, o Tricolor pode não contar com o eficiente e sempre presente, apesar da pouca badalação, Borges. O matador são paulino que atua lado a lado com Washington fazendo a dupla de ataque do SPFC sente dores no joelho esquerdo, e apesar de seus exames não terem acusado nada mais sério, nada traz certeza de sua participação ou não. Em caso de ausência, provavelmente Dagoberto, que é atacante de mais movimentação porém sem grande eficiência na finalização, deve entrar em seu lugar. A qualidade técnica aumenta, porém as chances de gols, ao menos em tese, diminuem sensivelmente.

Alguns duelos em particular entrarão em campo neste sábado, as 16h10, no estádio do Morumbi. A começar pelos bancos, que contarão com Vanderlei Luxemburgo, do lado alviverde, e Muricy Ramalho, defendendo as três cores mais queridas. São os dois técnicos considerados mais fortes no cenário nacional (em atividade no Brasil), seguidos de Mano Menezes e mais um punhado de técnicos menos badalados. Nos últimos anos, os duelos têm sido equilibrados. Em 2008, foram 2 vitórias para cada lado e 1 empate (2 vitórias palmeirenses no Paulista, 1 tricolor na primeira semifinal do mesmo torneio e 1 no Brasileiro, além de um empate também válido pelo Brasileiro).

Outro duelo interessante fica por conta dos camisas 10, Hernanes (SPFC) e Cleiton Xavier (Palmeiras). Ambos estão em fase de destaque e impõem respeito a quem quer que seja o adversário. A vantagem, em meu entendimento, está do lado tricolor. Não só por considerar Hernanes mais completo que o rival, mas também por considerar a zaga tricolor superior à palmeirense, o que, em tese, pode facilitar a vida do camisa 10 na armação de jogadas. Além do que, nosso meia joga com o apoio de Jorge Wagner (um algoz aos olhos dos palmeirenses), que hoje atua mais pela meia-esquerda, e, mais importante ainda, o indiscutivelmente habilidoso e não só promessa, mas realidade, volante Jean, que sabe marcar muito bem e também colabora com grandes jogadas de ataque do time, sem deixar a zaga descoberta. Pra completar, Cleiton Xavier vem de contusão e, até quinta-feira, dia 26, não estava 100%.

Mas, talvez, o mais importante duelo seja entre os dois 9 que foram artilheiros do último nacional, ao lado de Kléber Pereira (do Santos): W9 e K9 (Washington, SPFC, e Keirrison, Palmeiras). As novas letras aderidas ao idioma português no último acordo gramatical, K e W, que antes nada tinham de português, quanto menos brasileiras, hoje são destaques incontestes em suas equipes. Keirrison é o artilheiro (momentâneo) do estadual, com 12 gols, e promete mais. O jovem atacante vindo do Coritiba já marcou contra o Tricolor no ano passado, e tem fome de bola. Deve dar muito trabalho à equipe são paulina. Porém, do outro lado, temos um matador experiente e que não se intimida ante a jogos importantes, nem mesmo clássicos. Washington é do tipo de jogador que perde muitas chances, mas porque não hesita em tentar o arremate. E, se assim for, com o tanto de oportunidades que o SPFC deve criar no jogo, deve guardar o seu gol no sábado.

Duelos como Marcos x Rogério Ceni (que tem no Palmeiras seu prato-principal na arte de fazer gols) são dispensáveis de comentários, em vista de todos os que já houveram. Além do mais, não sei dizer se o ídolo palestrino estará em campo ou não (tomara, pois faz um tempo que ele não é mais o mesmo... torcedores do Colo-Colo que o digam).

Palhinha em dividida em Choque-Rei, anos 90.Relembrando momentos: Palhinha em dividida em Choque-Rei, anos 90.

Forte abraço a todos e um ótimo clássico!

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Choque-Rei, mais do que uma rivalidade, é história.

* A moeda que caiu em pé refere-se a seguinte história. Quando Corinthians e Palmeiras eram hegemônicos nos torneios paulistas, enquanto definiam-se as regras para o Paulista de 1943, foi dito por seus então mandatários que o torneio seria decidido no cara-ou-coroa, e que "Para saber quem vai ser o campeão é só jogar na moeda. Se der cara, o Palmeiras leva. Se for coroa, o Corinthians conquista a taça". Frederico Menzen, então presidente tricolor, questionou: "E o São Paulo?". "Só se a moeda cair em pé" foi a resposta obtida. No fim do campeonato, deu São Paulo campeão (após empate contra o Palmeiras), e, assim, "a moeda caiu em pé".

A Moeda que caiu em pé.Troféu simbólico dado aos jogadores campeões.

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