24.3.09

Unificação dos títulos brasileiros?

Boa noite, irmãos tricolores (e não-tricolores)... hoje o assunto é polêmico!


Nesta última terça, soube de uma movimentação de bastidores organizada por diretorias de alguns dos clubes mais relevantes do futebol nacional. Tal movimentação tem motivo: a unificação dos títulos brasileiros. Mas de que estamos falando, afinal? O que quero dizer com "unificação"?

As diretorias de clubes como Bahia, Santos, Palmeiras, Cruzeiro, Fluminense e Botafogo se uniram em prol de um objetivo: a construção de um dossiê que busca a equiparação (nivelação em mesmo grau) dos títulos da Taça Brasil e do Robertão com relação ao Campeonato Brasileiro em reivindicação junto a CBF.

O que foi a Taça Brasil? Similar à atual Copa do Brasil na fórmula de disputa, a Taça Brasil era um torneio em mata-mata disputado entre os campeões estaduais do ano anterior. Durou de 1959 a 1968 e teve como campeões o Santos, por 5 vezes (consecutivas), o Palmeiras, por 2 vezes (alternadas), o Bahia, o Cruzeiro e o Botafogo (cada um com 1 título).

O Robertão (ampliação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, vulgo Rio-SP, pois incorporou times de MG, RS, PR e posteriormente BA e PE) era um torneio mais semelhante ao Brasileiro que durou até 2002, com ressalvas. Dois grupos em disputa, dos quais primeiro e segundo lugar de cada grupo faziam um quadrangular final de turno único. O que somasse mais pontos seria o então campeão. Foi disputado entre 1967 e 1970. Deste, saíram campeões Palmeiras (2 vezes), Santos e Fluminense (1 vez cada).

O Campeonato Brasileiro como hoje conhecemos (apesar de algumas mudanças de ano pra ano) é disputado desde 1971, e surgiu devido ao surgimento e crescimento do futebol em mais regiões, que não apenas o eixo Rio-SP e adjacentes. Sendo, a princípio, disputado por 17 equipes (entre primeira e segunda divisão - criada junto ao Brasileiro). Foram diversos os nomes, o que às vezes confunde a cabeça do amante do futebol, como Campeonato Nacional, Copa Brasil (não Copa do Brasil, nem Taça Brasil), Taça de Ouro, Copa União (organizada em 1987 e com suas respectivas polêmicas) e, por fim, o Campeonato Brasileiro, mas que no fim das contas, o torneio é o mesmo, apenas com reformulações pertinentes a melhor ajustar os interesses e torná-lo mais competitivo e atraente.

Bem, então vamos aos argumentos. Muitos afirmam que a Taça Brasil deu origem ao Campeonato Brasileiro, mas a forma de disputa deste já é diferente, tanto porque os times que da Taça Brasil participavam serem apenas os campeões estaduais, quanto porque não era um torneio que abrangia todos os Estados do Brasil, sendo sua eliminatória (ou seja, forma de classificação para participar) de natureza excludente aos cantos mais afastados do Brasil amante da bola. Além disto, o status de campeão dava a um clube a possibilidade de iniciar-se na competição com vaga assegurada nas semi-finais (???), fato este que deu ao Santos a vantagem em disputar o torneio de 62 e 63 a partir de tal fase. Justo, talvez, alguns dirão, porém é como a Azurra (Itália) iniciar a próxima Copa do Mundo de 2010 nas semi-finais e, com mais tempo para preparar-se e mais descansada, possa mais facilmente abater qualquer adversário que chegue para tentar tirar desta o trono e o cajado de Reis do Mundo da Bola.

Hoje, ao saber de tal reivindicação destes clubes (citados ao início do post), acompanhava o programa Bate-Bola da ESPN. Eis que o jornalista, colunista e comentarista do respectivo veículo esportivo, Mauro Cezar Pereira, declarou-se radicalmente contra tal medida. Comparou os campeonatos citados ao recém-conquistado Brasileiro de 2008 pelo nosso amado São Paulo FC. Como poderia um torneio de 38 rodadas, com longas viagens, concentração, de diversas rodadas decisivas e repletas de situações importantes ser equiparado a um torneio vencido em quatro jogos pelo glorioso Santos de Pelé? Com todo respeito à conquista, ao clube e à torcida santista, apesar de Pelé e cia terem sido os maestros de tal orquestra e sinfonia, o campeonato Taça Brasil é impensavelmente similar ao atual Brasileiro, tal qual o Santos de Robinho conquistou duas vezes (inclusive, fazendo-nos amargar terrível derrota - em 2002). A Taça Brasil está muito mais próxima do que é a Copa do Brasil, tanto em termos de importância, quanto de relevância histórica.

Ainda argumentam que a Taça Brasil levava o campeão à Libertadores. Pois bem, a Copa do Brasil também o faz, mas ainda assim abarca um número muito maior de grandes equipes e dá chance a muito mais equipes provarem seu valor em torneio mata-mata (preferência nacional, por aspectos emocionais e/ou às vezes incompetência em longas competições, ou por administração ou algum possível deslize passível do azar). Além do mais, se o torneio Robertão fosse equiparado ao atual nacional, seria menos injusto, digo, menos injusto mesmo, pois foi uma tentativa de abraçar o máximo possível de grandes equipes do cenário nacional, mas ainda assim de maneira mais limitada e restrita.

Tais atitudes, por parte das diretorias, me parecem por demais uma tentativa alucinada de justificar um presente inócuo, fruto de administrações ineficientes e de extrema baixeza, que levaram tais clubes a períodos longos de sabor amargo na garganta. Times grandiosos, mas que esvaziam sua história na tentativa de elevar títulos não tão relevantes assim, esquecendo de um presente a ser trabalhado, em busca de um futuro tão ou mais glorioso que seu passado que tanto tentam glorificar, mas não para si mesmos, e sim para os olhos alheios. Uma vaidade enorme em tentar enobrecerem-se, não em atitudes, mas para tentar diminuir os feitos de outros.

Não, sem exageros. Como recentemente nossos vizinhos de CT (o Palmeiras) entrou com requirimento junto à FIFA pelo reconhecimento de um torneio que, na época, era tido como um Mundial de clubes, mas que o mundo não vê, naquele, tal relevância. Torneio, do qual, o SPFC foi quem ergueu a taça por duas vezes. Como se, por algum acaso, a atual Libertadores da América perdesse seu valor por alguma questão econômica e a Sul-Americana erguesse sua força e, ao voltar da Libertadores, aqueles campeões da Sul-Americana alegassem junto a CONMEBOL a validade de suas taças como legítimos gigantes da América de seus respectivos anos. Ou mesmo se nosso SPFC reivindicasse à CONMEBOL (tal como outros poderiam fazê-lo) o reconhecimento de que a Copa Conmebol, vencida em 1994 com o "Expressinho Tricolor" sob o comando de Muricy Ramalho, como a Sul-Americana dos anos 90. Não seria mentira, mas é deveras desnecessário. Tal qual a Copa das Confederações é das "Confederações" e não Copa do Mundo.

Portanto, afirmo, reafirmo e não nego: sou contra a "unificação". Não falo com o coração, falo por argumentação racional e que reconhece o valor de tais torneios, importantíssimos em sua época, mas não considero-os equiparáveis, muito menos unificáveis.


* Informações retiradas do "blog do PVC" (Paulo Vinícius Coelho) e colhidas em atenciosa audiência no Bate-Bola desta noite, 24 de março de 2009.

5 comentários:

A L V I C O disse...

Porra, bela pesquisa...
Sabia desse dossiê, mas não sabia dessas informações todas sobre os torneios.

Parabéns!

Anônimo disse...

OK Camrada respeito sua opinião, mas se vc ver as imagens do bem elaborado DOSSIÊ talvez vc veja como era importane esses torneios!

Já adianto q respeito sua opinião mas não concordo assim como o do MARIO CESAR.

Bom quando se fala em formas de disputa dos torneios anteriores e dos atuais numa comparação, vemos muitas diferenças, mas acho errado essa comparação!

A comparação é feita pela questão da repercução pelo título conquistado, que era tão igual ao campeonato brasileiro atual.

Outra, quando comparamos as formas de disputa lembro que todos os torneios que são reconhecidos pela CBF tiveram alteração ou evolução, a COPA DO BRASIL criada com esse nome em 1989 se não me engano, começou seus primeiros anos apenas com campeões estaduais, depois modificou. O campeonato Brasileiro, msmo tendo o nome assim definido em 1971, tb teve várias formas de disputa e outros vários nomes, como POCA UNIÃO, COPA JOAO HAVELANGE, Entre outros que não lembro, mas por serem pós 71 não foram mudados!

Quer campeonato com forma de disputa mais estranha que a COPA João HAVELANGE, quando o VASCO acabou sendo o campeão?

É inegavel as cagadas da CBF que continuarão por muitos anos, mas acredito que dessa vez ela poderá dar um passo a frente, reconhecendo e valorizando a história do futebol brasileiro! Reconhecendo que PELÉ foi não só para a sua seleção nacional, mas tb dentro de disputas nacionais.

Hj a TAÇA Brasil não tem seu devido respeito como teve em sua epoca, um acontecimento da HISTÓRIA que ficou esquecido por muitos.

Sei que o tema eh complicado, quando muita coisa poderá mudar, mas eu spu a favor de resgatar a história, e não vejo por que convincente de não reconhecer esses títulos, sendo eles da COPA DO BRASIL ou BRASILEIRO, sendo que estes eram os torneios mais importantes da epoca, mesmo não tendo todos os times.

Destaco tb, que naquela epoca os campeonatos regionais tinham um papel importante como parte desse torneio nacional, pois era ali que começava tudo, onde só os campeoes desses mini nacionais, poderiam disputar as finais dos melhores nacionais!

Fiquei surpreso de ver o MAURO CESAR de que sou fã não apoiar um fato histórico!

Mas opiniões são opiniões, cada um com a sua, para os que viveram aquela epoca e pra mim, todos são grandes campeoes nacionais. E meu time Cruzeiro, para mim, é BI BRASILEIRO derrubando o santos de pelé!

http://taca66.benny75.com/

Anônimo disse...

Então camarada Jezus...

Só agora fui ver sua colocação!

Bom, eu vejo que a unificação dos títulos como uma das formas de reconhecer que naqueles anos esses clubes foram os mmlehores do país e tendo assim o devido respeito histórico pelos títulos, não vejo outra forma de dar valor a esses títulos que pra mim são a pré história do futebol BRASILEIRO.

Agora um pouco mais recente o futebol brasieliro mudou seu formato, sendo então por pontos corridos, lembro que alguns diziam que deveria mudar o nome ou começar uma nova contagem. Bom, ninguem deu muita importãncia a grande maioria achou isso besteira, começar a contar de novo, (seu eu fosse a favor, diria que o CRUZEIRO foi então o primeiro campeão da NOVA LIGA NACIONAL). Mas isso não aconteceu, só to falando isso, pq é como se fosse a mesma coisa, lógico que o número de participantes não eram os msmo da TAÇA BRASIL, mas no torneio ROBERTÃO as coisas já ficavam, mais parecidos.

Eu não acho q são tão distintos assim, acho que foi uma evolução, assim como tomaram a decisão certa de fazer pontos corridos, eliminando o formato e o campeonato antigo que era jogado, mas nem por isso os ex campeões deixaram de ser os campeões!

Outro comentarista da ESPN o FLAVIO se naum me engano, disse em seu comentário no BB segunda edição que a CBF deveria reconhecer logo esses títulos, não tem nem que pensar em deicidir como a CBF avisou, pois se trata dos primeiros campeões nacionais em campeonatos com nomenclaturas diferentes com formulas de disputas diferentes como já aconteceu no atual campeonato brasileiro!

Dentro da ESPN temos pro e afavor, fora tb, aogra fica a pergunra, o que de mal acontecerá caso isso seja confirmado??

Não vejo problema algum em aceitar esses times como campeões.

Grande abraços Saúde e Anarquia!

Anônimo disse...


se for assim então vai ter que considerar o que cada clube brasileiro ganhous nesses últimos anos como seletiva pra libertadores (1999), copa dos campões regionais (2000 a 2002) e até mesmo a copa do brasil que é disputada desde 1989.
os campeões nacionais entre 1959 a 1970 também são considerados campeões do brasil de fato de cada ano mas não do torneio chmado campeonato brasileiro que existe desde 1971.
é cada macaco no seu galho (cada troneio existente ou não) com o seu nome e seja a competição exista ou não.
se não vira uma bagunça só e se bem que tudo isso aí não vai acoontecer nada e além do mais a cbf sequer entregou a taça das bolinhas ao spfc que espera isso desde 2007 imaginem ela considerar e aceitar esse dossie de todos esses times campeões nacionais defato mas com o nome de cada competição vencida por eles diferentes do atual torneio que se caham campeonato brasileiro

ass: Eduardo

Anônimo disse...

Olha, cada época tem as suas circunstâncias. Então, não dá para analisar hoje uma competição de 50 anos atrás.
O primeiro campeão italiano fez só duas partidas em um quadrangular que durou um dia só. Isso mesmo: Um dia só! Isso antes de 1900. Mas está na história do futebol italiano.
A Taça Brasil dava aos times paulistas e cariocas, os mais fortes da época, apossibilidade de entrarem adiantados na chave, como os campeões da América e da Europa entram no Mundial da Fifa.
Se não aceitarmos a Taça Brasil, devemos considearr válidas as disputas do Mundial Interclubes, na qual times foram campeões com apenas uma partida, ou no máximo duas?
Acho que unificar o título de campeão brasileiro a aprtir de 1959é uma medida justa.
Todos nós sabemos que o São Paulo priorizou a construção do Morumbi naquela época e por isso não ganhou nenhum título de 1958 a 1969. Outros foram camp~eos nesses período. Sorte deles. Hoje é a vez do São Paulo. O que vale é o presente. mas não se pode esquecer o passado, ou um dia também vão esquecer tudo o que o Tricolor fez.