20.3.09

Bola no chão dá jogo

É tudo que o torcedor são paulino - acostumado aos arsenais de 70, 80 e 90 (que tinha no Tricolor um time de futebol cadenciado, de passes refinados e movimentação) - pede hoje à equipe de Muricy Ramalho. Para isso, não falta qualidade individual, muito pelo contrário.

É bem verdade que não é o futebol que a equipe vem apresentando ao longo dos últimos anos, acostumada a jogos de chutão pra frente, lançamentos em longa distância, bolas paradas e cruzamentos vindos das alas (especialmente da esquerda). Porém, se os jogadores forem analisados, podemos notar uma imensa qualidade destes no fundamento “passe”.

No meio de campo, apesar de não termos um meia nos moldes clássicos, temos um setor muito bem equilibrado, com Junior Cesar pela lateral/ala esquerda, com jogadas de velocidade e boa qualidade de passe. Temos também Jorge Wagner mais centralizado do que nas duas temporadas passadas, como um meia esquerda, dividindo a função de armação de jogadas pelo setor com Hernanes, que fica responsável pelo lado direito do campo. Na extremidade direita, Zé Luis é o responsável na maior parte dos jogos, papel que na última quarta foi desempenhado por Arouca. Zé Luis não é dono de grande qualidade com a bola nos pés, a meu ver, porém é um grande marcador. Hernanes e Jorge Wagner são ótimos no passe, sendo Hernanes um jogador de mais habilidade e velocidade, e Jorge Wagner de boa visão de jogo. Mais recuado está Jean, um volante que mal se pode dizer que é volante, pois tamanha é sua qualidade com a bola nos pés, pode ser também peça importante na armação de jogadas, por ter ótimo passe, muito controle de bola e boa visão de jogo (além de ser rápido).

Na zaga, contamos com Renato Silva, que não chega a ser um zagueiro clássico, mas é bastante técnico, André Dias, o xerife da zaga tricolor, jogador de muita raça e boa técnica, e Miranda, o mais técnico dentre eles (e o melhor do Brasil, no meu entendimento), apesar de não estar em sua melhor fase (ainda assim, convocado por Dunga para a seleção canarinho… vai entender!). Todos estes são jogadores que possuem um passe muito bom, e ainda podem contar com a segurança rotineira (apesar de alguns vacilos na última partida) de Rogério Ceni, o goleiro que atua como líbero, com permissão para agarrar a bola com as mãos.

No ataque, os matadores Borges e Washington dispensam comentários. Borges parece ter encontrado seu espaço no campo ao lado do ex-carrasco do Tricolor em 2008. Ambos estão muito bem entrosados e, salvo alguns caprichos desnecessários (como alguns que ocorreram na partida contra o Defensor), são sempre uma certeza de gol, ou, ao menos, uma preocupação grande ao adversário, tanto por sua capacidade de arremate, quanto na qualidade de pivôs, que ambos exercem com muita propriedade.

Sem falar das opções que o SPFC tem no banco de reservas para diversos setores, o SPFC tem um time que pode colocar a bola no chão e fazer, se não igual, um futebol semelhante à escola clássica do São Paulo Futebol Clube. O futebol de classe, de toque de bola e eficiência, de times mortais e temidos, especialmente desde os anos 70. O futebol que empolga e encanta o torcedor são paulino de longa data. Futebol de cabeça erguida, bola de pé em pé e o adversário na roda. Tudo depende de um fator único: com calma, deixar a bola rolar suave no tapete dos Deuses do Futebol e fazer o que sabe fazer, tocar a bola.

Bola no chão dá jogo! E a prova disso é que nos momentos em que o SPFC fez isso contra o Defensor (URU) na última quarta-feira, ofereceu perigo ao adversário, e na primeira vez, marcou um gol em chute forte e bem colocado de Borges, após passe milimétrico de Jean. Aliás, placar final de 0×1, uma vitória importantíssima fora de casa que não somente dá a segurança e tranquilidade pra continuidade do torneio, como ainda coloca o SPFC como favoritíssimo ao caneco e, além do mais, aumenta as chances de fazer a melhor campanha de primeiro turno, possibilitando que os jogos de volta da fase de mata-mata sejam decididos em casa.

Forte abraço, Nação Tricolor!

Vamos São Paulo, Vamos São Paulo! Vamos ser campeões!

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Nota: não posso deixar de comentar e deixar minha mensagem de solidariedade a um dos principais responsáveis por nossa história de glórias, o uruguaio Pedro Rocha, que está em momento difícil em sua vida e precisando de apoio. Rocha sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral, vulgo “derrame”) e apresenta sequelas, como dificuldade ao caminhar e até alguns sintomas de depressão. As informações que tenho são de que o SPFC está apoiando o ex-craque (Verdugo ou Dom Pedro Rocha, como era conhecido) em ações voltadas à atenção de sua saúde, através de seu departamento médico do clube (Dr. José Sanchez, Dr. Marco Aurélio Cunha, dentre outros, que prestam atendimento e acompanham Rocha). Nos cabe a torcida por este grande mito de nossa história, não só por tudo que fez com a camisa Tricolor, mas por tudo que representa para o Mundo do Futebol (inclusive, Pelé dizia que Dom Pedro Rocha era, a seu ver, um dos 5 maiores do mundo em seu tempo).

Pedro Rocha, com a bola, foi um dos maiores ídolos do SPFC durante os anos 70.

Pedro Virgílio Rocha Franchetti (com a bola em mãos) foi um dos maiores ídolos do SPFC durante os anos 70 (1970-1977).

Um comentário:

Cá Minervino disse...

Oi bru!
mais uma vez tenho que concordar...
é até meio óbivio, né...tocar a bola, envolver o time adversário é o que nós gostamos de ver.
Nem sempre temos talento suficiente para isso, o que não é o caso do nosso querido TRIcolor!
A gente grita pela TV, escreve aqui no blog...será que vai chegar até eles??
Ahhhhhh..com nosso comandante tenho certeza que sim! Ele sabe o que faz e tenho certeza que será mais um Ano Glorioso!

Quanto ao Pedro Rocha, acho que não só ele, mas muitos ídolos do futebol estão esquecidos, homens que dedicaram suas vidas a nos dar alegria, mereciam mais respeito!

Gnde bjo e continue mandando ver!!
;*