5.3.09

Ei, Muricy: é Libertadores!!

E, enfim, após a derrota no clássico de domingo, o San-São (Santos e São Paulo), nosso querido Tricolor está de volta à Libertadores. Será a segunda partida do SPFC no torneio de 2009, e precisa de uma boa atuação, ao menos, trazendo um empate como resultado, diminuindo um pouco a pressão. Porém, é fundamental que o Tricolor apresente um futebol digno de sua história.

Não, não é exagero pensar nisso. O São Paulo possui, no meu entendimento, o elenco mais forte do Brasil este ano (tal como foi em 2005, 2006 e 2007, não em 2008) porém até o momento não utilizou tal elenco como deveria. Responsabilidade de Muricy Ramalho isto. São diversas peças novas, algumas vistas como as melhores do setores para que vieram preencher vaga, outras apenas para composição de grupo mesmo.

O São Paulo, jogando contra o Santos, foi extremamente previsível (como tem sido durante o ano e foi também no início do ano passado). A diferença é que em 2009 há muito mais alternativas de jogo e estas não foram postas em prática. No jogo de domingo, percebi que existem 3 jogadas, apenas, que o SPFC utiliza jogando na formação que o levou ao título brasileiro do ano passado.

1) Ligação-direta: toda bola que passa pela defesa antes de chegar ao ataque, vai simplesmente como um foguete do setor defensivo ao ofensivo, ignorando o setor de meio-campo. Os zagueiros dominam a bola e fazem o famoso "chutão", na esperança de que um atacante a domine e, assim, surja um gol;
2) Jogada individual: quando a bola chega aos pés de Hernanes ou Dagoberto, espera-se, já, o de sempre: firulas fora de hora e lugar que raramente chegam a algum lugar. Tudo bem, algumas vezes isso dá certo. Às vezes, após umas "pedaladas" (remadas, eu diria) de Hernanes, ele chuta a bola a gol e pode dar rebote pros atacantes. Às vezes, Dagoberto puxa uma jogada individual pelas pontas e acerta um passe por entre os zagueiros, e isso resulta num gol. Às vezes;
3) Chuveirada: devido à qualidade de passe do meio campo tricolor estar em baixa, quase sempre que o time adversário está na defensiva (vulgo retranca), a única forma que o time do SPFC consegue pensar para passar por isso é a bola aérea. Seja pelso pés de Jorge Wagner pela esquerda, seja por Zé Luis na direita, a tática adotada tende a ser, sempre, o "chuveirinho".

E isso empobrece demais o futebol sãopaulino. O time é previsível e não consegue encontrar alternativas quando o adversário percebe este enorme "arsenal de jogadas" e passa a anulá-las. Isto, a meu ver, tem grande parcela de culpa nas escolhas feitas por Muricy Ramalho. Que escolhas?

Primeiramente, as peças que jogam: não é de hoje que o futebol do meia Hugo (que não é bem um meia) não convence. Hugo é lento, erra muitos passes, e, ao lado de Jorge Wagner, não consegue efetuar jogadas rápidas, pois o ala tricolor também não tem como característica a velocidade. Em seu lugar, a presença de Junior Cesar se faz necessária e, a meu ver, mais eficiente. Junior Cesar é um lateral esquerdo de velocidade e ofensividade. Não é um grande marcador, mas isso pode ser trabalhado. O que o SPFC precisa, hoje, é de ofensividade alternativa ao "de sempre". Ao lado de Jorge Wagner (jogando pela meia), Junior Cesar (mais à lateral) pode desenvolver triangulações, além de jogadas individuais e de linha de fundo, coisa que o SPFC não faz desde a saída de Danilo (que se entendia super-bem com Junior). Isso, ao menos pelo lado esquerdo, desafogaria Jorge Wagner da função de ser o responsável pelas bolas alçadas. Além do mais, é importantíssimo este tipo de jogadas pelos lados, com Jorge Wagner mais pelo meio, pois como vimos domingo, aumentaria a qualidade no passe e a velocidade, o que facilita muito mais e amplia as jogadas para furar uma retranca, especialmente quando a zaga adversária é alta (caso do Santos) que dificulta as jogadas de bola aérea.

No jogo de domingo isso foi claro. O SPFC não conseguia jogar pelo chão, pois o meio campo fica muito pela esquerda e distante, assim, apelava pras jogadas aéreas, e assim, perdia facilmente, em virtude da alta zaga santista. Além disto, o SPFC manteve a formação inicial com 3 zagueiros por muito mais tempo do que o necessário, pois o Santos estava numa retranca só e não havia necessidade de 3 zagueiros, e sim de preencher o meio de campo para que a bola chegasse com mais qualidade ao ataque. É aí que a entrada de Arouca se fez necessária. Muricy fez isso, colocando Arouca no lugar de Rodrigo, porém demorou demais (pra variar) pra fazer tal alteração. Demorou, pois não adianta em nada apenas 10 minutos para um jogador de meio-campo entrar no jogo e conseguir produzir algo.

Outra coisa que é necessário corrigir, é a ligação-direta. Porém isso não é de total responsabilidade dos zagueiros, mas sim tem sido um reflexo da formação, com um meio de campo que joga muito distante (um jogador do outro) e que não distribui a bola como deveria (que só faz chuveirinho ou jogadas individuais). Caso o jogo esteja fechado, há de se ter alternativas para passar a bola, fazer a bola rolar de pé em pé, mesmo que não seja na base da velocidade. Se o meio-de-campo se acerta neste aspecto, a zaga não se sente na necessidade de dar "chutão pra frente" toda hora que o adversário marca a saída de bola.

E, por fim, o SPFC precisa de um meio campo mais preenchido pois não adianta um jogador no ataque ou no meio que possua mais habilidade sendo que, após efetuar uma jogada individual, este não tenha com quem trabalhar a bola, pois se vê, sempre, distante do resto do grupo. Não há aproximação, não há qualidade.

Hoje é dia de Muricy Ramalho ousar mais. De abrir mão da história de manter o elenco Hexa-campeão a ferro e fogo como titular, e não titubear pra colocar de vez mais reforços no jogo.

A meu ver, o Tricolor deveria iniciar a partida de hoje no 3-5-2, já que jogará fora de casa e pode se basear no contra-ataque, porém na seguinte formação:

Rogério Ceni no gol;
Miranda, André Dias e Renato Silva na zaga;
Junior Cesar, Jorge Wagner, Jean, Hernanes e Zé Luis* no meio;
Washington e Dagoberto* no ataque.

* Escalo Zé Luis na direita, como ala, pois Wagner Diniz parece ainda estar muito inseguro e não sei se deveria iniciar como titular, talvez fosse opção no decorrer da partida, na necessidade de fazer pressão por todos os lados do campo.

** Escalo Dagoberto, e não Borges, apenas por convenção, ciente de que Dagoberto daria mais mobilidade ainda ao time. Borges pode ser importante no caso de Washington não render na partida (isto é, não render se tiver oportunidades, se a bola chegar nele, ao invés de ele ter de vir buscar a bola no meio, como já houve este ano). Borges estaria na vaga de Dagoberto, caso este não esteja em um bom dia, ou que a forte marcação adversária diminua os espaços para jogadas individuais.

A entrada de Arouca, no lugar de um dos zagueiros, também pode ser estudada, mudando o time para um esquema de jogo com o meio de campo mais preenchido. Uma espécie de 4-4-2, mas que tem em seus laterais bastante ofensividade (talvez menos pela direita, com Zé Luis). Ou ainda, caso Jorge Wagner não esteja bem, Arouca em seu lugar. Ou, em terceira possibilidade, Arouca no lugar de Junior Cesar, assim, com Jorge Wagner na ala novamente, mas de volta ao "futebol burocrático", dependendo de como se portar o adversário. O importante é: Hugo? Não!

Vejo que se Muricy olhar para pelo menos duas destas três sugestões, temos maiores chances de ver uma partida bem jogada pelo Tricolor, e as expectativas quanto à possibilidade do Tetra aumentam. Mas acima de tudo, mais do que uma vitória ou até mesmo um empate, o SPFC precisa jogar bem, hoje. Ser convincente, apresentar um futebol mais rico e mais digno de seu elenco e sua história. Mais digno de ser o campeão Brasileiro por 6x, 3x consecutivas. O SPFC não pode ser um Lyon brasileiro. O São Paulo Futebol Clube precisa voltar a mostrar o por quê de ser um dos times mais importantes do mundo. Muricy, você sabe disso.

Ps.: nos últimos dias, soube de uma declaração de Hernanes a respeito da Libertadores. O meia-tricolor disse que os jogos na Libertadores devem ser encarados como os de qualquer outra competição. Até certo ponto, ele tem razão. Ou seja, o SPFC precisa jogar a Libertadores sabendo de seu poder de fogo. Porém, precisa saber que a Libertadores tem muito mais peso e importância que qualquer outro torneio, ou seja, deve utilizar seu poder de fogo com muito mais seriedade, persistência, força e vontade que em qualquer outro torneio que dispute. Portanto, a Libertadores não é qualquer competição. Não que seja "nossa competição favorita", pois isso é coisa de torcedor "modista", mas porque é a competição mais importante e mais difícil mesmo.


Por hoje, é isso!
Um forte abraço a todos e que nosso Tricolor mostre suas armas hoje!!

VAMOS SÃO PAULO, VAMOS SER CAMPEÃO!!

Um comentário:

Cá Minervino disse...

Fala bru!
Acho que nosso time se superou na partida de ontem.
Não sou mto boa em análises técnicas (rsrs), mas concordo com suas críticas, domingo o TRIcolor deixou a desejar.
Mas pelo visto valeu a pena!
Nosso comandante parece ter encontrado o caminho...
Faço coro então:
Vamos São paulo, Vamos ser Campeão!
Bjooooosss