10.4.09

Crônica da Virada Santificada

Um trânsito infernal, que atrasou a chegada de boa parte da torcida tricolor ao glorioso Morumbi, no fim da tarde de ontem, 9 de abril, foi o principal ponto negativo. Um horário bizarro para um jogo. Okay, não foi as 16h, o que seria pior pra todos que trabalham, e não foi às 22h, que também é ruim pra quem depende de transporte público, porém foi tão ruim quanto ambos para quem depende de um fluxo de carros razoável no trânsito, e não o fluxo de horário do “rush”.

Este trânsito também foi responsável por minha estressante chegada ao estádio no fim do intervalo da partida. Enquanto não chegava, sofria ouvindo o jogo pela rádio. Os comentários não eram animadores sobre a performance da equipe são paulina. O gol sofrido, menos ainda, ainda mais porque eu sabia que tinha sido em falha grotesca (que só depois pude ver, na internet) de Rogério Ceni. Ou seja, “Nada está a favor do Tricolor esta noite” era meu pensamento. “O capitão está mal, o trânsito um inferno e, acredito, não chegarei a tempo de ver o jogo e sequer entrar no estádio”. O pessimismo tomou conta de mim e nada me fazia acreditar na possibilidade de melhora.

Enfim, as 7h55 exatamente, cheguei à região do estádio e pude estacionar. A facilidade em encontrar vaga me surpreendeu, e ao descer do carro, ouvi gritos de gol de torcedores que viam o jogo em um bar pela TV. Não, era alarme falso, uma bola que passou rente à trave no fim do primeiro tempo, e só. Mas isso me encheu de esperanças novamente. Eu que havia chegado lá apreensivo durante todo o trajeto, irritado e com um grito de gol entalado na garganta, além da vontade imensa de cantar pelo São Paulo dentro do carro, mas o sentimento de solidão era tão forte que não tive forças para tanto. Mas, finalmente, eu estava perto do Maior do Mundo e lá poderia dar todo meu apoio, mesmo que ficasse sozinho.

Cheguei no finzinho do intervalo ao estádio, após correr à toda velocidade e chegar sem ar na geral - pois vi o jogo de lá, afinal, não consegui ingressos pra arquibancada. Era meu primeiro jogo no ano no Morumbi, tá faltando verba, mas não faltaria apoio. Começa o segundo tempo e consigo encontrar meu irmão e pai que lá estavam também. Pronto, a aliança entre nós três é encarada como uma aliança infalível. Com raras excessões, quando estamos juntos, o Tricolor vence! Havia de ser assim ontem também, e foi! Após alguns minutos unidos, falta pro SPFC e Rogério exige boa defesa do goleiro uruguaio. Não demorou muito, pois o tempo voa na derrota, e após jogada aérea, Borges recebeu a bola e, como um grande matador e oportunista, arrematou com perfeição no ângulo direito do goleiro do Defensor Sporting. Mais três minutos, e após falha da defesa em cruzamento pela esquerda, Borges aproveita a bola que sobra e, caindo, chuta a bola que quica até o canto esquerdo do gol e, caprichosa e chorosa, entra.

Parecia que algo estava reservado, e até certo ponto, lembrei-me: pensei “que o gol de empate do SPFC saia quando eu estiver já no estádio”. Me senti predestinado após o gol. Uma bobeira imensa de minha cabeça, mas que me fez sentir a importância que é pra uma equipe algo chamado energia, e a energia emana da torcida, em especial, e cada um daqueles que, como eu, sofriam no trânsito até o estádio, estava fazendo falta. Quando todos já haviam chegado, a moeda mudou de lado e o problema se foi. O time de lilás (roxo), quase um co-irmão de nosso rivais, Corinthians, voltou pro Uruguai abatido e com a classificação mais ameaçada ainda, apesar de estarem priorizando o torneio nacional, tendo jogado ontem com muitos reservas, fato que não facilitou pro SPFC não, pois estes quiseram mostrar serviço.

Alguns momentos do jogo de muita tensão e confusão em jogadas mais ríspidas. Porém um jogo que trouxe mais confiança ainda pra equipe. Em momento importante, pois domingo tem semifinal contra o Corinthians, e um empate já é um grande resultado, afinal, jogamos por dois empates, com o regulamento debaixo do braço. Mas acredito em, pelo menos, uma vitória e um empate na somatória dos dois jogos, assim eliminamos o Corinthians do torneio e ainda tiramos a tal “invencibilidade em 2009″ da equipe de Mano Menezes.

Ao final da partida de ontem, a saga continuou, afinal, fui pegar meu carro, já na cia de meu pai, que decidiu vir embora comigo, e encontrei meu carro com o pneu furado!! Brincadeira?! Na verdade, estava ultra-murcho por problemas que não vem ao caso explicar aqui. Mas enfim, foi um susto... Bem, mas por sorte ou seja lá o que for, ao menos o Tricolor havia vencido, porque trocar pneu às tantas da noite após uma derrota teria um sabor mais do que amargo e seria extremamente indigesto!! Mas Borges e Dagoberto resolveram mudar a história da noite de ontem e, felizmente, salvaram o jogo. O primeiro com seus gols, o segundo com a postura apresentada em campo, decisiva para a pressão exercida pelo Tricolor até o fim da partida.

É isso aí, obrigado a todos que leram até o final.
Forte abraço!

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