Sejam bem vindos, novamente, à Bíblia Tricolor! Hoje, quero falar de uma coisa, um princípio básico e essencial para que as relações humanas, sejam em que campo for, dêem certo e prosperem: a humildade. Desejo uma boa leitura e aguardo comentários.
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No futebol, a humildade tem sido, por muitas vezes, ignorada ou até desmerecida. Não damos a devida atenção a ela, pois acreditamos que seja um discurso falseado que pretende ocultar em si uma suposta tática ou até mesmo a prepotência. Mas entendo que não é mera conversa, nem sequer hipocrisia pensarmos por este ângulo, o ângulo da humildade, mesmo que tenhamos um time que acreditamos ser imbatível, e por quê?
Bem, como seres humanos que somos, estamos sujeitos a alterações constantes, desde alterações físicas e biológicas a alterações psíquicas, como humor, confiança e motivação. Somos seres instáveis e incompletos que buscam, a todo o tempo, o aperfeiçoamento, o crescimento, o amadurecimento, a firmeza e a solidez, porém nos deparamos, dia-a-dia, com as dificuldades, obstáculos e com os caminhos alheios. Ou seja, não somos os únicos que buscamos tais aspectos, não estamos sozinhos em nossas estradas. Temos companhias, não devemos ignorá-las e, mais, não devemos menosprezá-las. Quanto menos quando nossos objetivos são os mesmos, porém só podem ser atingidos por um ou outro, o que é o caso dos esportes.
Nós, Tricolores, devemos prestar atenção a um fator que estamos deixando, sempre, de lado: adversários. Por que fazemos isso? Talvez, por termos nos acostumado e, assim, nos acomodado na condição de campeões, de sempre esperar e acreditar que estaremos no topo das listas, dos torneios e campeonatos mais diversos, pois todos os campeonatos que disputamos, usualmente, conseguimos uma boa ou, ao menos, considerável classificação. Mas não é sempre assim e não foi sempre assim que as coisas aconteceram, pelo contrário.
Se voltarmos no tempo e relembrarmos apenas alguns dos nossos mais importantes títulos, veremos facilmente o quão difícil foi atingir o topo do Podium! Lembremos que na final da “Libertadores da América” de 1992, só conquistamos o continente após uma sofrida vitória nos pênaltis, com uma defesa de nosso arqueiro, Zetti. Ou então, que o caminho até a final da Libertadores de 1993 também não foi tão simples como parece e que, além do mais, entramos no decorrer da competição, já na fase de oitavas-de-final, sem termos disputado a primeira-fase.
Pensar em tais conquistas nos remete às conquistas dos Mundiais de Clubes de 1992 e 1993, também! Sendo que, no primeiro jogo (92), saímos perdendo por 1 x 0, com belíssimo gol em chute preciso e mortal (do meio da rua) do, então camisa 10, Hristo Stoitchkov do FC Barcelona (que vivia o auge de seus tempos, com o escrete que é considerado o melhor de todos os tempos, até hoje). Precisamos de muita calma, toque de bola e humildade para mostrar que não éramos meros coadjuvantes na partida até conquistarmos o mundo pela primeiríssima vez, graças a um gol de barriga (ou peito) de Raí após bela jogada de Müller, e de um golaço em falta batida por Raí! Bela cobrança, por sinal, que passou por cima da barreira espanhola e foi direto ao ângulo direito de Andoni Zubizarreta, que apenas assistiu à trajetória da bola sem nada poder fazer. Em 1993, a história foi mais dramática ainda, pois contra a grande equipe de Milão, o AC Milan, saímos na frente com Palhinha; tomamos o empate; voltamos à frente em gol de Toninho Cerezo (“o mestre”, como o chamavam os companheiros de equipe) após jogada de Leonardo pela esquerda; levamos o segundo gol; e, por fim, Müller (eterno camisa 7 tricolor) conseguiu um gol “espírita” que nos alçou ao Bi-Campeonato Mundial. Um jogo truncado, de muito toque de bola, no qual o São Paulo, mesmo sendo atual campeão do torneio, era considerado um “azarão” e nem um pouco favorito, ainda mais sem Raí, que partira para a França após o Bi da Libertadores.
O mesmo pode-se pensar sobre a Libertadores e, principalmente, o Tri-Mundial de Clubes de 2005. Com uma postura de humildade e determinação, vimos o Tricolor mais Querido do Mundo chegar firme em uma campanha brilhante, quase invicta na Libertadores (apenas 1 derrota, contra o Tigres, fora de casa), conquistar o caneco e voltar para o Japão 12 anos depois do “bi”. Novamente, de azarões e presa fácil para o Poderoso Liverpool (os Reds), repetimos a façanha pela terceira vez, a custo de muita luta, dedicação, humildade e, por que não, um bocado de sorte! Sorte, pois contamos com um trio de arbitragem perfeito, que teve peito em 3 lances chaves para invalidar as jogadas que resultaram em gols da equipe inglesa (lances que, aqui no Brasil, teriam sido validados, com certeza, pelo menos 1 vez).
É bem verdade que possuímos um elenco forte, apesar de enxuto, neste ano de 2008, mas também é bem verdade que muitos reforços que chegaram não renderam o esperado, e isso não é falha de planejamento. Por outro lado, é fato que a diretoria do Tricolor Paulista não investiu pesado em contratações e, a única que teve peso de ouro, mas não para os cofres do Tricolor, foi a vinda de Adriano. Desde o ano passado (janeiro) o São Paulo sofre pela falta de um meia-armador (como era Danilo), que cadencie o jogo, prenda a bola, toque precisamente e, sempre que necessário, apareça na frente para arrematar a jogada em gol. Não precisamos do clássico “camisa 10”, como foi o Rei Raí (é claro que gostaríamos, mas não precisamos de tudo isso). Precisamos apenas de um jogador com características semelhantes a do, antes detonado, agora desejado Danilo.
Mas devemos admitir, não só a demora na contratação, por falha da diretoria e, até certo ponto, dificuldade no mercado de encontrar jogadores com tais características e personalidade (Danilo também tem isso), mas também reconhecermos tais falhas como limitações que se impõe à vida de nosso técnico, Muricy Ramalho, ora e outra, venerado ou ferozmente criticado. Outra limitação que se apresentou ao longo do ano para nosso treinador foi o baixo número de jogadores disponíveis, tendo que atuar com um time diferente a cada rodada do Paulistão e, até certo ponto, da Libertadores. Suspensões, contusões, pequeno elenco: tudo contribuindo negativamente na organização de um time, de um padrão-tático a ser atingido. Sem querer chover no molhado, o esquema tático do São Paulo se baseou de janeiro até abril, em bolas alçadas de Jorge Wagner para Adriano colocar na rede, pois não tínhamos jogadores aptos a desempenharem futebol mais criativo e, quando um jogador assim se reergueu (Hugo), era tarde.
Na primeira semi-final do Campeonato Paulista, atuamos em Morumbi “cheio” e apoiando o time do início ao fim, com o time completo. Tanto que o Tricolor anulou perfeitamente os principais jogadores do setor de armação e criação palmeirense (Valdívia e Diego Souza). Na segunda partida, infelizmente, desfalcados, não conseguimos suprir a ausência dos desfalques (Richarlyson e Zé Luís) e pagamos o preço em falha de Rogério Ceni no primeiro (dos 2 gols) do Palmeiras. Além da eficiência de uma equipe que foi montada no início do ano com peças e treinador determinados e focados para esta conquista (diferente do SPFC que priorizaria a Libertadores, apesar de desejar o estadual). Já nas quartas-de-final da Libertadores, fizemos uma partida sensacional no Morumbi que terminou em placar magro de 1 x 0 contra o Fluminense, este que mal conseguiu jogar. O resultado foi até injusto em vista das oportunidades criadas, da falta de sorte do ataque são-paulino e das poucas, mas belas defesas do goleiro carioca. No jogo de volta, alterações táticas da equipe adversária desorganizaram nosso setor de marcação que, com menos de 15 minutos, ficou com saldo negativo no placar. Após linda jogada de Aloísio, pela esquerda, empatamos, mas em um lapso de atenção, o segundo gol do Fluminense, marcado pelo ex-São-Paulino Dodô, foi o balde de água fria que não poderíamos ter levado. Foi apenas uma questão de tempo e persistência para que o time que apresentou melhor futebol durante a competição até agora e durante esta segunda partida fizesse o terceiro e gol da classificação fluminense. O que mais dói foi “o quando” este gol saiu (46’30 do segundo tempo)!!
Queremos, sim, ganhar sempre! Somos torcedores, não meros desportistas. Porém creio que, se olharmos para nossa própria história (citei apenas alguns poucos momentos, importantes, recentes e nem tanto) podemos ver que não estamos sozinhos. Reconhecer que temos adversários que também focam um objetivo, que quando este objetivo é o mesmo que o nosso, e que estes farão de tudo o que puderem, que existem coisas que estão fora de nosso alcance e que, por isso, nem sempre sairemos vencedores, nos torna mais dignos de sermos campeões. O fato de estarmos acostumados à vitória nos torna vulneráveis e, mesmo que lutemos até o fim, nós, enquanto tricolores, devemos ter a humildade que nem sempre estaremos no pódio e que, infelizmente, beiraremos o caos e a desesperança. O importante é não abrirmos mão de lutar, reconhecendo nossas limitações e a força de nossos adversários.
O São Paulo FC é e será sempre MAIOR, isto ninguém pode nos tirar. Campeões ou não, nascemos com a estrela da vitória, mas não deixemos que o brilho desta estrela ofusque nossa vista e nos impeça de ver, nos outros, o poder da competição. Humildade para bater palmas em nossas vitórias e nas vitórias dos adversários.
Humildade!!
Um forte abraço a todos!
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Humildade vem do Latim humus que significa "filhos da terra". Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa fraqueza, modéstia, respeito, pobreza, reverência e submissão.Se diz que a humildade é uma virtude humilde, quem se vangloria da sua, mostra simplesmente que lhe falta. É nessa posição que talvez se situe a humilde confissão de Albert Einstein quando reconhece que "por detrás da matéria há algo de inexplicável".
(fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Humildade)
10 comentários:
Infelizmente essa humildade vem de cima.. e chega a todos de maneira infectosa, sei la mas não estamos ruins o time é bom mas sem humldade nos tornamos pessimos..
Belo texto Jezusss é nóiss
não sei se é só questão de humildade. na verdade, tem todo um processo em cima. creio que dentro de campo Muricy tenha passado essa humildade para os caras. somos um time limitado hoje e eles, dentro de campo, sabem disso.
na verdade, creio que fomos longe demais. os times que citou antes, eram humildes mas sabiam de seu potencial o que tornou-os forte. já neste ano isso não ocorreu.
quando digo sobre humildade, não me refiro simples e unicamente ao time em si... mas a nós, são paulinos que, muitas vezes, não reconhecemos nos adversários vencedores em potencial, sabe? mtas vezes os são paulinos (num geral) acreditam q só o SPFC, apenas o SPFC, é quem pode ganhar algo... como se isso fosse assim mecânico
Concordo com o Davi Agathocles... puta que pariu, Agathocles ao vivo foi de chorar. Além do São Paulo entrar de salto-alto em jogos que não deveria, nosso time é limitado.
É acreditar muito na sorte ficar só lançando bola alta pro Adriano dominar, girar e bater. É só isso que o glorioso tricolor sabe fazer hoje, infelizmente.
Para mim falta mais uma coisa: união. ;)
Otimas palavras Jezuz.
Acredito numa coisa, não sei se vcs concordam se não contratar não arruma nem sulamericana este ano;
time muito limitado com as saidas de fabio santos, adriano;provavelmente hernanes.
a vaca vai pro brejo...
fica aqui minha "humilde" opinião
de acordo, carlão!!
infelizmente o elenco não está repleto, é enxuto, faltam peças em diversos setores, outras devem sair... vai ser complicado este ano levar algo com planejamento de 6 meses (como foi feito)
abraços mano
se tratando de humildade e se tratando de são paulinos, vamos ver se em tempos de crise e falta de jogos decisivos, a torcida toma vergonha na cara e também tenha mais humildade em ir apoiar o time no estádio
hehehe perfeito comentário, alvico!
bela bíblia!!
infelizmente o sao paulo tem uma sina de levar gol de ex-jogadores, algo sem explicação
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